O cúmulo da estupidez humana…

Ora viva, caro leitor. Diga-me cá uma coisinha: já aderiu à moda do balde de água gelada pela cabeça abaixo, ajudando assim a recolher fundos para a ALS – Organização para o combate da esclerose lateral amiotrófica? Não? Pois que faz muitíssimo bem. Atenção que estou a referir-me apenas ao acto de levar com um balde de água gelada pela fronha, e não a um possível donativo. O donativo eu acho muito bem que o leitor faça, mas o balde de água gelada pela carola abaixo é que é melhor não. E porquê? Porque se trata de… apenas… ÁGUA GELADA! Mas está tudo maluco, ou quê? Eu, se fosse desafiado para levar com um balde de água gelada pela cabeça abaixo, ficaria certamente muito aborrecido, porque era sinal que alguém me queria muito mal. Se fosse água morna… Agora, água gelada? Isso é capaz de aleijar, pá! E de deixar uma pessoa de cama, com uma valente gripalhada em cima.

Bom, mas avancemos para o tema que decidi trazer hoje, antes que alguém tenha a triste ideia de me desafiar para levar com um raça de um balde de água gelada pela cachola abaixo…

A mente humana pode ser incrivelmente surpreendente. Tanto num ponto positivo, como num ponto igualmente negativo. Aliás, mergulhando de cabeça até a um nível mais profundo da questão, diria até “num ponto de estupidez extrema”. Porque a mente humana pode chegar a níveis elevadíssimos de estupidez… Níveis nunca imagináveis! Níveis que ultrapassam a lógica! Níveis que o mundo não está preparado para constatar! Níveis que… Bom, acho que já chega… que isto já se está a tornar estúpido.

Recentemente, presenciei alguns casos de como a estupidez humana pode chegar a níveis absurdos. Vou partilhar com o leitor, um desses casos.

Há poucos dias, olhei para o telemóvel e tinha uma chamada não atendida de um número fixo. “Bom, pode ser algo importante”, pensei eu, apressando-me a dar um toque para esse número, na esperança que o proprietário do número fixo tivesse um telefone onde aparecesse o meu número. Cerca de 2/3 minutos mais tarde, recebo uma chamada de um número móvel, que originou o seguinte diálogo…

Eu: Estou?

Alguém: Estou sim? Quem é? Porque me está a incomodar?

Eu: Desculpe, eu estou a incomodá-lo? Você é que acabou de me ligar…

Alguém: Sim, para saber quem é!

Eu: Olhe, com quem deseja falar?

Alguém: Não sei…

Eu: Não sabe? Então por que é que me ligou?

Alguém: Eu? Eu liguei porque você ligou-me cá para casa!

Eu: Ah, isso é porque eu tinha aqui uma chamada não atendida de um número fixo, e dei um toque para ver se me voltavam a ligar porque podia ser algo importante…

Alguém: Ok. E quem é? E o que quer?

Eu: Desculpe? Eu não quero nada… Volto a dizer-lhe que tinha aqui uma chamada não atendida do seu número no meu telemóvel… Por isso, quem deve fazer essa pergunta sou eu: o que quer?

Alguém: Eu? Eu não quero nada! Eu cheguei agora a casa e os meus filhos disseram-me que o senhor ligou cá para casa!

Eu: Eu dei apenas um toque…

Alguém: Ai, sim? E para quê? Quem é você? É algum tarado, é?!

Eu: DESCULPE?!

Alguém: As desculpas não se pedem, evitam-se! Será que é preciso eu ir à polícia, é?

Eu: Polícia?! Mas eu é que tinha aqui uma chamada sua! Olhe, para eu não perder as estribeiras e dizer aquilo que quero, mas que não devo, vamos ficar por aqui, sim?! Isto não deve passar de um enorme mal-entendido…

Alguém: Pois, pois… Eu tenho o seu número apontado, e vou à polícia!

Eu: Que o senhor tem o meu número sei eu bem, senão não me TINHA LIGADO PARA O TELEMÓVEL! Olhe, vá a sua vidinha que eu vou à minha, sim? ADEUS!

Alguém: E quem é o senhor para me mandar ir à minha vidinha?! É algum tarado com toda a certeza, e agora está a tentar fugir com o rabo à seringa! De onde conhece os meus filhos?! Hã?! É algum professor deles, é? Eu vou descobrir quem é, e vou tratar de lhe ensinar uma lição!

Eu: Mas, pela sua lógica de raciocínio, quem lhe deve ensinar uma lição sou eu…

Alguém: O QUÊ?! O SENHOR ESTÁ A AMEAÇAR-ME?!

Eu: Eu? Nada disso… Se o senhor pensa que eu sou algum professor dos seus filhos queridos, então eu é que tenho de lhe dar uma lição, não?

Alguém: O quê…?

Eu: Eish… Esqueça amigo, parece que a inteligência é coisa que, infelizmente, não existe em abundância por esses lados… Olhe, para eu não lhe faltar ao respeito, vou desligar a chamada, sim? Tenha um resto de bom dia…

Alguém: Eu vou descobrir quem é, e vou tratar-lhe da saúde!

Eu: Ah, o senhor é médico…?

Alguém: O que o leva a pensar uma coisa dessas?!

Eu: Então… acabou de dizer que me vai tratar da saúde…

Alguém: Hã…?!

Eu: …esqueça… Olhe, diga aos seus filhos para irem brincar com aquilo que têm entre as pernas, em vez de andarem a ligar para números à toa, e tenha um resto de bom dia, sim…?

Alguém: Meu grandessíssimo monte de…

E fui obrigado a desligar a chamada… O que foi uma atitude errada, visto que tenho quase a certeza que vinha de lá mais um belíssimo elogio à minha grandiosa pessoa…

Adeus e até para a semana, malta catita…