O “Eruditismo Reles” = uma nova geração!

Começo esta crónica por dizer olá ao mundo, e a todos os seres que aqui habitam – refiro-me literalmente a todos os seres que habitam este planeta lindo, fantástico e com uma camada de ozono tal, capaz de meter inveja aos planetas mais gasosos do sistema solar. E olá a Marte, e àquele marciano que está neste momento escarrapachado numa rocha qualquer, a apanhar valentes banhos de sol enquanto lê esta crónica. Já agora, ó amigo marciano, se vires por aí a sonda Curiosity, diz-lhe para não se esquecer de me trazer o calhau marciano que lhe pedi, que é para eu fazer uma sopa da pedra marciana. Diz que a sopa da pedra marciana enrijece os ossos, e que cura a pedra dos rins… Gostava de experimentar.

Bom, ó meus amigos, caso não tenham reparado, existe toda uma nova geração a emergir na sociedade portuguesa. Eles tentam passar despercebidos – como quem passa por entre os pingos da chuva –, mas eu já os topei à distância. E antes que o caro amigo marciano apanhe cancro de pele, eu vou já directo ao assunto. Estou a falar da geração de “eruditos” que andam por aí espalhados pelos Postos de Combustível portugueses. Pessoas que se assumem como “cultas”, mas que ninguém as vê a comprar um jornal que seja.

“Então, mas se não compram jornais, como é que podem ser pessoas cultas? Se não lêem, como é que podem estar atentas ao que se passa no seu país? No seu planeta? No Universo?!”, remata o amigo marciano. Primeiro que tudo, e antes de responder à sua pertinente pergunta, caro amigo marciano, você colocou protector solar? É que, visto daqui, a olho nu, está a ficar com um tom de pele um pouco alaranjado, e isso não deve ser nada bom. Se eu fosse a si, ia dar um mergulho para refrescar essa pele… Ah, espere… Marte, não é verdade? Pois… Esqueça… Bom, respondendo à pergunta, as pessoas auto-intitulam-se de “cultas”, mas sem comprar um único jornal porque passam grande parte do seu dia enfiados nos Postos de Combustível em frente à banca dos jornais, a devorá-los um por um até que a sua sede insaciável por conhecimento se esvaneça…

O mais incrível é que não chegam a levar um jornal que seja. Optam sim, por os ler todos ali mesmo, em frente à banca de jornais do Posto de Combustível com uma tal naturalidade e disponibilidade que enerva até o reformado mais sedentário existente neste planeta. E o que tira uma pessoa do sério, é que eles não saem dali nem pela ordem da bala! É que, para além de não comprarem um jornal que seja, não permitem que as outras pessoas o façam. Ficam ali em frente à banca dos jornais, imóveis que nem os homens estátua da Rua Augusta, mexendo apenas os olhos para lerem as gordas. E ai de quem se atreva a tentar perturbar esse “ritual”, que arrisca-se a levar uma resposta mais ofensiva – por estar a interromper a visualização da “entrevista” da menina que faz capa da revista Playboy.

Em muitos Postos de Combustível, já existe um pequeno aviso a informar que, quem mexer nos jornais ou revistas em exposição, terá eventualmente de os adquirir. Mas esta nova geração de “eruditos” faz de conta que não é nada com eles e continuam a praticar o chamado “Eruditismo Reles”. Eu, se fosse um arisco proprietário de um Posto de Combustível, tratava de espantar essa malta num instante. Como? Muito simples. De cada vez que um pelintra desses pegasse num jornal e o folheasse à grande e à francesa, lendo-o todinho até à última página, assim que o voltasse a colocar no respectivo lugar, um balde com uma mistura de bosta de cavalo com bosta de pombo e um amontoado de caganitas de rato, caía-lhe em cima. E, se isto não fosse o suficiente, ainda colocava no jornal um sistema de choques eléctricos. Ah, e se mesmo assim o energúmeno continuasse a querer prevalecer a sua ideologia de “Eruditismo Reles”, obrigava-o a adquirir o jornal e depois ingeri-lo folha a folha até que começasse a evacuar letras… Sim, amigo marciano: evacuar letras. Parece absurdo, mas é um castigo terrível. Ora experimente o meu caro amigo marciano fazê-lo, e tome especial precaução à evacuação das letras “M” e “L”, que dizem arranhar como o catano!

(Dizem… Eu cá não sei de nada, hem…! Nunca vi ou sofri de tal infelicidade, assistir ao meu esfíncter ser violentamente arranhado por um “M” ou um “L” em fúria… NUNCA! NUNCA… Vá, um “W”… Mas foi só uma vez, e doeu como o camandro… Esperem! Alto lá! Por que raio tenho a impressão que já partilhei o que não devia…? Hum… Deve ser só impressão, mesmo… Ou não! Pela forma como o marciano se ri às gargalhas, é porque já fiz asneira… RAIOS!)

Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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