O Estado da Nação – Nuno Araújo

Portugal vive um dos períodos mais delicados da sua história recente, nomeadamente em termos financeiros. A falta de liquidez em caixa, por parte do erário público, associada à problematização das dívidas soberanas, fez com que o país se visse obrigado a pedir assistência financeira no ano passado, de modo a não ser forçado a pagar juros escandalosamente altos para financiar a sua economia.

Ora, o que se passa, é que a austeridade, essa receita imposta pela “Troika”, para além de fazer o país entrar num descalabro total a vários níveis, fazendo o país perder em pouco tempo o que tanto custou a alcançar, parece que arruinou diversos sectores da sociedade, parece ter aberto uma caixa de pandora. Quando todo o mal tiver saído dessa caixa, terá ficado lá a Esperança, que é o que eu tenho no nosso país, feito de grandes mulheres e de grandes homens.

Um país que não se resigna nem se verga à batuta dos maestros da finança internacional, que tentam impor regras de comportamento sobre gestão de dinheiro a um estado soberano, democrático e onde a liberdade é uma conquista, que cada vez mais se sente a esvair-se por entre os dedos das nossas mãos.

Gostaria de perguntar ao Sr. Primeiro-ministro, no debate do Estado da Nação: Como todos sabemos, o Documento de Estratégia Orçamental apresentado pelo governo contém previsões totalmente irrealistas para o presente ano económico, logo, quando será esse mesmo documento emendado e novamente apresentado na Assembleia da República?

Portugal tem de negociar outras condições relativas ao Programa de Assistência Financeira, com a “Troika”. O Governo Português tem de admitir que prosseguindo com este impacto brutal de austeridade na nossa economia, a mesma sente-se estrangulada e não encontra forma de crescer por si só. Daí que o Estado tenha de ser agente privilegiado na construção de uma alternativa viável para a retoma económica do país. Cada dia representa uma perda para Portugal, e cada pessoa, cada desempregado, cada empresa que encerra, cada família que declara falência, cada criança que não tem o que comer antes de ir para a escola de manhã ao pequeno-almoço, merece a elaboração de um plano de criação de emprego.

1. O Estado tem de dotar as empresas de condições especiais de financiamento, específico quanto aos seus propósitos, mas sempre com a condição de parte desse financiamento servir para criação de postos de trabalho efectivos;

2. Rever, quanto antes, o projecto de reforma administrativa que prevê a redução enorme do número de freguesias existentes no país com critérios que deixam muito a desejar e pouco objectivos;

3. Financiar o sector da cultura, que está “de rastos” desde que este governo PSD/CDS-PP tomou posse, já que este mesmo governo declarou guerra à cultura e à arte – inclusive nas escolas, acabou desde logo com o próprio Ministério com esta tutela, e “destruíu” tudo o que até aí havia sido incrementado, não só no Ministério da cultura existente, como por exemplo no próprio projecto de Educação pela Arte nas escolas, através do Ministério da Educação, que tende a terminar entretanto, como já se viu.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental praia Lusitana