O Estado Social – João Cerveira

Ainda hoje falava com amigos meus sobre o assunto “divida”. E diziam-me – e com toda a razão – que todos procuram um culpado para a dívida, mas esquecem-se que, no pós-guerra países como a Alemanha, Reino Unido, França, etc, mais ou menos afetados pela mesma, apostaram na reconstrução e desenvolvimento dos seus países, nomeadamente em infraestruturas: redes de água potável, esgotos, rede rodoviária, etc. No nosso país isso não aconteceu. E isso provocou um grande atraso em relação à Europa, o que nos fez, após o 25 de Abril, que o país tivesse de se endividar para tentar aproximar-se e fugir da Europa.

E neste momento estarão os caros leitores a pensar: mas tu não criticaste os gastos desmedidos dos antigos governantes? Critiquei e continuarei a criticar. Porque se foi feito um esforço para desenvolver o país – que originou as suas consequências ao nível de dívida, mas também os seus dividendos -, também é verdade que muito dinheiro foi mal gasto e nada controlado. Nada controlado no sentido em que, pese embora acredite que nem todas as perdas do Estado se tenham traduzido em má fé de ex-governantes ao criar bancos para os gerir desastrosamente (para o próprio banco, porque para os bolsos deles não foi nada desastroso), muitas medidas que foram pensadas com a melhor das intenções  e que são muito úteis, caso, por exemplo, do rendimento mínimo garantido, tornou-se um fracasso porque não foi controlado e muita gente recebia sem merecer. E os restantes contribuintes a pagar.

Vítor Gaspar diz que os portugueses exigem mais do Estado do que aquilo que estão dispostos a pagar em impostos permite. Mas alguém alguma vez, seja de que partido for, explicou aos portugueses as opções que tinham? Alguém lhes explicou que determinados serviços só seriam possíveis se se aumentassem os impostos? A resposta é clara: não. Conclusão, continua a ser culpa dos políticos.

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…