O flagelo da “smiló-dependência”

Têm alguma ideia da quantidade insana de sms, emails ou mensagens pelo chat do Facebook que envia por dia? Obviamente que não têm, aliás nenhum de nós tem. Mas dediquem alguns segundos do vosso precioso tempo a pensar no seguinte: já repararam que estamos absolutamente dependentes dos smiles? Sim, leram bem, dos smiles. Não há uma única mensagem, ou post, que não tenha pelo menos dois smiles. E é precisamente disso que vos falo esta semana no “Desnecessariamente Complicado”.

Nunca na história da humanidade comunicámos tanto, e de forma tão instantânea, como na actualidade. Seja qual for o meio utilizado estamos a comunicar quase em permanência, vinte e quatro sobre vinte e quatro horas. Seja para a mãe, para o melhor amigo ou com completos desconhecidos a verdade é que estamos sempre contactáveis. Por exemplo, qual foi a última vez que passou um dia inteiro sem qualquer tipo de contacto com tecnologia? E por “tecnologia” refiro-me a computadores, telemóveis, tablets, MP3 e mais um sem-fim de aparelhos. A verdade é que 99% dos leitores (incluindo o próprio autor desta crónica) são, de algum modo, dependentes da tecnologia que os rodeia. Seja para estar a par das novidades do Facebook, enviar mensagens, fazer e receber chamadas, estar actualizado em relação às últimas notícias ou simplesmente para ouvir música é indiscutível que a tecnologia tomou conta das nossas vidas.

E os smiles dominam toda e qualquer conversa. Primeiro começou por ser apenas uma tendência que só os mais “modernos” seguiam. Mas o tempo foi passando e a moda continuava. E continuava. E continuava. Dado que a moda não deu sinais de abrandar, ou de entrar no esquecimento, os comuns mortais que até então se tinham mantido afastados foram “obrigados” pela pressão social a também eles usar tais símbolos. E todos nós pensámos o mesmo quando começámos a utilizar os smiles: “Isto é um bocado estranho, mas reconheço que tem a sua utilidade.” Todos entrámos na moda a medo e a pensar que não ficaríamos viciados na mesma, contudo quando demos por nós já utilizámos os dois pontos, os abrir e fechar parêntesis e os “P” e “D” desta vida que nem loucos.

É importante esclarecer que ao dizer tudo isto não estou, de todo, a criticar os smiles. Até porque reconheço a sua utilidade. Quem nunca usou os smiles para dizer algo, não dizendo na verdade absolutamente nada, que atire a primeira pedra. Sim, porque no meio de tanta comunicação é normal que existam alturas em que não temos nada para dizer (ou então simplesmente não nos apetece falar). Mas como sair repentinamente da conversa pode ser mal interpretado os smiles são a única solução possível.

Mas vamos lá esmiuçar os smiles. Eu consigo perceber que um “D” colocado a seguir a dois pontos na vertical parece um sorriso (é óbvio que isto, :D, é um sorriso). Agora, até que ponto é que isto 😛 faz sentido? É um dos smiles mais utilizados, contudo na vida real é algo que apenas em casos muito particulares é feito. Até porque deitar a língua de fora é sinal de má educação, pelo menos foi isso que nos ensinaram, certo? Imaginem que estão no vosso grupo de amigos e que alguém diz uma piada. Sendo que imediatamente a seguir à piada essa mesma pessoa põe a língua de fora. Seria no mínimo estranho, digo eu. Olhem, sabem o que vos digo? Para nossa sorte isto não pegou na realidade!

E de quando em vez desliguem tudo à vossa volta e fiquem apenas convosco próprios e com os vossos pensamentos mais profundos. Acreditem que um “balanço interno” faz falta de tempos a tempos. Com ou sem smiles o importante é que vivam intensamente.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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