O futebol já não é o que era – Bruno Neves

Os anos vão passando e tudo muda, isso já nós sabemos. Mas devia de haver uma maneira de travar a mudança. Não toda, apenas alguma. Nomeadamente no futebol. E é esse o tema desta semana: futebol.

Eu não sou tão antigo quanto isso, mas em cerca de vinte anos muito mudou no futebol mundial. Eu sou da época em que ainda havia um verdadeiro amor pela camisola que se representava. Altura essa em que os ordenados dos jogadores não eram milionários, salvo raras excepções. O clube e os seus adeptos estava primeiro do que tudo o resto. Os adeptos eram fiéis ao seu clube e apoiavam-no sempre independentemente dos resultados e não recorriam à violência por tudo e por nada. São ou não são tempos distantes?

Que mundo é este onde não é possível duas pessoas de clubes diferentes estarem pacificamente junto uma da outra a ver um jogo de futebol sem que seja necessária a intervenção da polícia de choque?

Que mundo é este onde a prioridade é o dinheiro que se ganha ao final do mês em vez de ser o clube, os adeptos ou os colegas de equipa?

Que mundo é este onde os dirigentes desportivos não cumprem com as suas obrigações e têm salários em atraso e onde a sua principal função é criticar tudo o que mexe e desviar as atenções dos problemas do seu próprio clube?

Que mundo é este onde um treinador passa de besta a bestial num piscar de olhos e onde as atenções são sempre centradas nos árbitros e nos seus erros e não na competência e eficácia dos jogadores e respectiva equipa técnica?

Que mundo é este onde a imprensa desportiva é tudo menos imparcial e parece ter um particular prazer em alimentar discussões infundadas e que apenas servem para pôr ainda mais lenha na fogueira?

Que mundo é este onde os clubes apostam em jogadores estrangeiros em detrimento dos jovens portugueses apenas porque é mais barato ir comprar remessas de pseudo-craques que na grande maioria dos casos nunca chegam sequer a confirmar o seu potencial?

Estas são perguntas que necessitam de uma resposta urgentemente sob pena de o futebol, nacional e internacional com a devida distância obviamente, ser afectado de forma irremediável. Cabe-nos a nós tentar mudar este panorama. Vão ao futebol, apoiem a vossa equipa, dêem tudo por aqueles jogadores e por aquele clube. Mas acima de tudo tenham respeito pelos adversários e a responsabilidade suficiente para que a violência não seja sequer opção.

As perguntas acima mencionadas são tão repetitivas quão repetitivos são os casos em que existe tudo menos bom senso. Tudo o que é levado ao extremo é negativo, mesmo que seja a paixão por um clube ou por uma modalidade como é o futebol.

Amem a modalidade e amem o clube que quiserem, mas respeitem-se. O fair-play é urgente, e depende de todos nós passar das palavras aos actos.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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