O futuro está no papel higiénico húmido

Por mais anos que passem, a verdade é que nunca vamos deixar de nos surpreender com as pequenas descobertas que vamos fazendo ao longo do caminho. O papel higiénico húmido é a minha mais recente descoberta. Confesso que já tinha ouvido falar, mas nunca dei muita importância a esse produto em especial. Sempre fui uma pessoa muito básica no que à limpeza íntima diz respeito. Dêem-me uma edição do Correio da Manhã em papel, que tenho papel higiénico para uma semana — o que, aliás, é apenas para isso que serve uma edição do Correio da Manhã em papel. É uma espécie de 2 em 1 que o jornal oferece aos seus leitores; uma pessoa lê coisas que dão vontade de defecar, e tem papel para limpar o rabiosque depois do momento escatológico por que acabou de passar. Não existem muito jornais que se preocupam com o bom funcionamento intestinal dos seus leitores. É de louvar.

Confesso que só dei conta do papel higiénico húmido muito recentemente. E apenas devido ao facto de ter, efectivamente, tropeçado nele sem querer. Como pai de uma criança de 4 anos que sou, eis que toalhitas é coisa que não pode faltar cá por casa. Um dia destes, sem reparar que não tinha stock de papel higiénico em casa, lembrei-me que existem sempre toalhitas da minha filha e socorri-me de um pacote, apenas daquela vez, para me desenrascar num momento de aflição. E assim que usei a dita toalhita, toda uma nova sensação brotou naquele momento tão íntimo. Uma sensação nova, como nunca tinha experienciado anteriormente, apanhou-me de surpresa. “Mas que suavidade, que frescura!”, pensei. De facto, se as crianças passam por esta experiência sempre que limpam o rabiosque, eis que são os seres mais sortudos do planeta. Só depois de consultar com mais atenção o pacote, é que chego à conclusão que, afinal, não se tratava de toalhitas, mas sim, de papel higiénico húmido. Ou seja, induzido em erro acabei por me aperceber que tinha adquirido papel higiénico húmido em vez de toalhitas para a miúda. E é assim que as descobertas acontecem.

Tornei-me rapidamente num fã assumido de papel higiénico húmido. Aquela sensação de frescura, traz toda uma nova vida ao único sítio onde o sol não brilha na anatomia humana. Enquanto o papel higiénico normal causa alguma irritação, devido à fricção durante o processo de limpeza, com o papel higiénico húmido não passamos por esse desconforto. A limpeza é mais suavizada, menos abrasiva e deixa aquela sensação de dever cumprido — de uma limpeza bem realizada. Na minha mais modesta opinião, o futuro está no papel higiénico húmido. Depois de um dia intenso de trabalho, onde as preocupações estão sempre aliadas ao stress, chegar a casa, fazer a necessidade número 2 e respectiva higienização com papel higiénico húmido, tem a capacidade de nos acalmar, fazer sentir bem e acreditar que o futuro é risonho. Anotem bem aquilo que vou aqui escrever de seguida, pois isso será a prova de que sou um verdadeiro visionário:

Ainda vai ser o papel higiénico húmido a erradicar a Covid-19 deste planeta, pois, por alguma razão, a China começou a realizar testes por via anal. Pensem nisso…