O futuro a Jesus pertence

No Domingo o Benfica sagrou-se campeão nacional conquistando o seu 33º título e pondo fim a um jejum de 4 anos. Apesar de todo o mediatismo que está a ter a conquista, o enfoque da crónica não será esse. O Benfica foi um campeão justo, casos à parte, pelo futebol que praticou. Porém, o que abordarei neste espaço será algo diferente, porque de bombardeamentos com a conquista do título estamos todos servidos, em excesso até. Agora que o principal objectivo de Jesus está cumprido e a redenção pelo ano transacto semi-feita, como será o futuro do treinador dos encarnados?

De ódios e paixões se divide o universo benfiquista no que a Jesus diz respeito. Se muitos lhe reconhecessem o mérito pelo futebol apresentado nos últimos anos, outros não lhe perdoam as finais perdidas e os anos de jejum. Neste momento, em que o histerismo normal de uma conquista tolda a visão, os adeptos não pensam em perder Jesus, poucos são os que têm o discernimento para perceber que nem tudo está bem quando se ganha nem tudo é mau quando se perde. É necessário saber pesar os acontecimentos.

Neste momento tudo depende de Jorge Jesus. O seu futuro está nas suas mãos, ele é que decidirá o que fazer no fim da época desportiva. Se por um lado fará todo sentido continuar no Benfica, uma vez que, conquistou o objectivo principal, ganhou o campeonato, está na final da Taça de Portugal, na meia-final da Taça da Liga e, igualmente, na meia-final da Liga Europa, resumindo, “JotaJota” ainda pode ganhar tudo e completar uma época fantástica entrando para os anais da história, tanto do futebol português, como do Benfica. Por outro, Jesus ainda tem o fantasma da época passada a pairar-lhe em cima da cabeça, bem como a hipótese, quiçá única, de sair para o estrangeiro e tentar a sua sorte num campeonato mais forte e numa equipa com outros argumentos. Que há interesse de outros clubes, isso é certo e sabido. Se há interesse da outra parte, é ainda desconhecido.

Será um passo complicadíssimo para o treinador do Benfica. Com toda a certeza que não tomará nenhuma decisão de ânimo leve, no entanto, terá Luís Filipe Vieira a fazer de tudo para que fique. Se decidir abandonar, sairá em glória, sairá em braços e com todos a entoarem o seu nome, seria, sem dúvida nenhuma, o momento ideal para sair por cima e para se mostrar mais forte. Contudo, não é fácil ter o discernimento para decidir na euforia e Jorge Jesus não é exepção.

Quer saia quer fique, o certo é que Jesus marcou uma era no Sport Lisboa e Benfica e no futebol português. Tanto pelas más razões, ou seja, pelo seu feitio, a sua forma de se expressar e as suas atitudes, como pelas boas razões, uma vez que, todas as equipas por onde passou, apresentaram um futebol atractivo e tremendamente eficaz, tendo para isso contribuído os seus métodos e, claro está, o seu talento. Com os adeptos divididos, com o presidente a forçar a sua permanência e com a euforia da conquista a pairar no ar, o maior mistério, que se prolongará até ao fim da época, é mesmo o seu futuro. Seja em França, na Turquia, na Rússia, em Inglaterra ou mesmo em Portugal, o certo é que o carisma de Jorge Jesus, não será esquecido.

AntónioBarradasLogoCrónica de António Barradas
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