Que amigos que nós éramos...

O Golpe de Estado no PS

O PS está assim neste momento em estado de “Golpe de Estado”. Apesar de publicada na 5ª feira, a crónica da passada semana foi pensada e escrita antes de ser despoletada a crise no PS, devido à intenção de António Costa de disputar a liderança do partido ter sido tornada pública.

Desde então, no interior do PS, diversos têm começado a tomar partido por um ou por outro dos candidatos a líderes e outros ainda a não quererem tomar ainda partido, preferindo esperar para verem para que lado corre a maré, não vão perder o seu tacho, perdão, “job for the boy”, qual bom ladrão que dizia a Jesus à beira da morte “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no paraíso”, não vá o futuro líder depois dizer, esse ao contrário de Jesus “Não te conheço de lado nenhum…”

Bem, isto já se esperava, mais tarde ou mais cedo. Tanto António Costa como Ferro Rodrigues e outros, já tinham afirmado publicamente anteriormente que o PS tinha a obrigação de obter nestas últimas europeias uma “vitória expressiva”. Na noite eleitoral, eu próprio quando acompanhava num dos canais televisivos a sucessão de acontecimentos e vi e ouvi o disparatado e despropositado discurso do Tó Zé, disse cá para mim “ganhaste e estás cheio de medo…” Ora, quem ganha por 3 ou 4 pontos (ficando a 12 ou 13 pontos de uma eventual maioria absoluta) e afirma categoricamente que obteve uma grande vitória, só pode estar a tentar afastar de si os fantasmas…

Dito e feito! Era isso mesmo! Na “mouche”! Até parece que foi a maioria que ganhou as eleições: a coligação continua igual a si própria como se não tivesse existido eleições e nelas não tivesse obtido uma derrota histórica. Derrota para a coligação, essa sim, foi a infringida pelo chumbo das normas do orçamento em fiscalização no Tribunal Constitucional… Isso sim, foi uma derrota sentida e bem sentida…

Bem, mas voltando ao PS e à atitude de António Costa… Na minha opinião, António Costa tem toda a legitimidade de querer disputar a liderança. Mas, porque não o fez antes? Porque não o fez antes das eleições autárquicas? Sim, é que toda a gente se está a esquecer que António Costa foi eleito no ano passado para a presidência da Câmara de Lisboa, não se sabe se teria ganho o PS ou não se não fosse ele o candidato e, agora, quer abandonar o povo de Lisboa, para voar para um poleiro mais alto. Diziam mal de Durão Barroso? Hummm…. Como diz o ditado popular “Nunca digas «dessa água não beberei!»”. E depois em termos de lealdade…. hummm…. também me deixa esta situação um sabor amargo a traição, mas ok! Seguro desta vez portou-se bem, mas… “Vai com calma! Se queres disputar a liderança, então vais ter que esperar e vais ter que passar por umas primárias… Toma lá que já almoçaste!” E com tudo isto, como fica a Câmara de Lisboa? Em auto gestão? Quem faz oposição séria ao Governo? O Presidente da República? Hummm…. não me cheira!!!

Assim, de birrinhas em birrinhas, principalmente do Tó Zé, se faz a política no nosso país.

No dia da apresentação da Moção de Censura ao Governo promovida pela CDU (PCP/PEV), o Tó Zé também decidiu fazer birrinha, mas desta vez com o Avô Jerónimo, que não tinha nada que ir para a frente com a Moção de Estratégia, porque ele próprio, o Tó Zé, perdeu com isso o protagonismo no dia em que iria acontecer no Parlamento, não fosse a Moção, o debate quinzenal com o Governo. Assim, Tó Zé decidiu chegar mais tarde, para que os jornalistas assim pudessem falar dele, estivessem à coca para quando o vissem chegar virem a correr atrás dele e assim ele conquistar um pouco de atenção para si. E os jornalistas – que gostaram de ter sido enganados – caíram na esparrela e lá foram atrás do Tó Zé para ouvirem o que ele tinha para dizer, em vez de acompanharem, como deveria de ser, o debate que se estava a travar no interior do hemiciclo. A jornalista da Antena 1 – que eu estava a acompanhar – interrompeu inclusivamente a audição do debate para falar prolongadamente e repetidamente sobre se o To Zé já tinha chegado ou não, quando chegou teve a palavra imediatamente, interrompendo, por duas vezes (uma o Primeiro Ministro e outra um depurado orador do PSD), para o efeito. Na minha opinião, houve também aqui alguma ingenuidade e pouca seriedade jornalística, ainda mais tratando-se de um órgão de informação e difusão público.

Bem, agora é o Governo, o PSD e o CDS que estão de birrinha com o Tribunal Constitucional e querem explicações sobre os chumbos, acusando ainda aquele órgão de Justiça de querer também entrar no debate político e de querer substitui-se aos órgãos legislativos: Parlamento e Governo.

Bem… de palhaçada em palhaçada, assim vai a nossa brejeira política, que só o que não de brejeira é ser muito bem paga e ter excessivas mordomias. Aguardemos então os novos episódios desta saga pós troika e pós eleitoral, que nós cá estaremos para comentar e opinar.

Fiquem bem, até para a semana que vem!