O início do mundo – Maria João Costa

Não sei se foi a tinta que acabou, ou se foi a falta de jeito para a arte rupestre; também pode ter sido, apenas a preguiça a falar mais alto. Aposto que era segunda-feira quando o Maia júnior, perguntou: “2012. Já chega?”. Teve sorte, disseram-lhe que sim.

Mas como por aqui ainda há muita tinta, e temos Foz Côa para nos ensinar a fazer um riscos nas paredes, 2012 não chega.

Para quem acredita que esta é a última segunda-feira que terá que ultrapassar, o fim do mundo até parece o paraíso à beira mar plantado; mas quem acredita mais NASA, teve dificuldade em acreditar que o despertador tocou esta manhã. E pior, vai continuar a tocar.

A parte boa disto tudo, para além das piadas no facebook, e o alívio dos mais crentes na manhã do dia 22 de Dezembro, é percebermos que se o fim do mundo realmente acontecesse, rapidamente revemos as nossas prioridades.


De repente, nas redes sociais, muitos falam em viver uma grande paixão; não deixar de dizer o que se pensa e o que se sente, independentemente das consequências. Ninguém faz listas de desejos, não há tempo para isso, o melhor mesmo é passar logo para a prática. Não há tabus, nem preconceitos; ninguém perde tempo com o que diz o vizinho, e de repente consegue-se arranjar tempo para os pequenos prazeres, que todos os dias adiamos só porque achamos sempre que amanhã ainda é dia.

Se todos acreditássemos que o fim do mundo vai realmente acontecer, acredito que o dia 22 seria o início de um novo mundo, tão mais feliz, como uma segunda-feira de folga.

(Eles dizem que vão continuar a haver segundas-feiras: http://expresso.sapo.pt/nasa-explica-porque-o-mundo-nao-acabou-no-proximo-dia-21=f773990).

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!