O Jogging é para totós!

Lamento, mas acho que está na hora de o mundo saber a dura e cruel verdade sobre o jogging — essa arte de correr que nem uns doidos varridos como se estivéssemos a correr pela nossa vida, fugindo de uma espécie de alien que está mortinho para nos afincar uma bela de uma dentada no rabo. Mundo, tomai especial atenção a isto: o jogging é para totós!

(Ei, calma… Não precisam de ficar assim tão revoltados comigo, porque eu tenho factos que comprovam, de uma forma absolutamente inequívoca, que o jogging é, de facto, para totós.)

O jogging, hoje em dia, é visto como uma espécie de moda. Hoje em dia, pessoa que se preze — e que queira ser minimamente aceite pela sociedade — tem de praticar o jogging. Porque se não o fizer, é visto como uma pessoa preguiçosa que não sabe zelar pelo seu bem-estar. E isso, meus amigos, é a mesma coisa que ser um valente totó. Rebelde que é rebelde, quer lá saber do seu bem-estar. Quer é borgas, noitadas, gajas e dormir até ao meio-dia. Mas o totó não. O totó prefere levantar-se cedinho, abandonando a sua confortável caminha para ir fazer o quê? Correr ao relento de uma forma vigorosa…

Os totós do jogging são os maiores a correr. No parque da cidade, eles são autênticos machos latinos. Ali, a correr com um ar imponente, demonstrando toda a postura atlética. Mas à noite, quando precisam de demonstrar a sua masculinidade perante a sua fêmea faminta por uma bela noite de forrobodó, eis que falham redondamente nesse processo. Porquê? Porque gastaram toda a energia que tinham guardado para esse dia, a correr no parque. Depois admiram-se de encontrar o vizinho do lado — que sempre foi um rebelde! — escondido debaixo da sua cama, ou do armário, enquanto a sua mulher afirma: «Calma, amor… Eu posso explicar!»

Os totós do jogging são os maiores nas redes sociais. Eles dominam os facebook’s, os instagram’s e outros que mais, com as suas marcas pessoais. Gabam-se de terem corrido quilómetros atrás de quilómetros durante o dia, e depois à noite escrevem post’s desoladores, de que é uma sexta-feira ou sábado à noite, e eles estão em casa a ver séries ou a ler um livro, porque não tiveram companhia para sair à noite. E, claro, porque têm de se deitar cedo porque no dia a seguir, pela manhãzinha, lá têm de ir praticar o seu jogging.

Enquanto um rebelde vai para a praia apanhar banhos de sol e mirar as curvas das «garinas», um totó do jogging vai simplesmente correr de um lado ao outro da praia, de tronco nú, afastando todo o mulheredo de si, devido ao intenso cheiro a queijo suíço que emana dos sovacos. Assim como (e segundo o meu colega cronista Sérgio Martins!), o uso de calções de licra que os totós do jogging utilizam — que serve igualmente para afastar o mulheredo… Enquanto, na praia, um rebelde corre atrás do vendedor das bolas de Berlim, dos gelados ou da bela da cerveja, o totó do jogging faz exactamente o contrário: foge a sete pés para não cair em tentação e estragar o regime.

Por isso, meus amigos, a escolha é vossa; ou querem ser uns totós, ou querem ser uns rebeldes. As duas coisas ao mesmo tempo é que não é possível. Sei que, muito provavelmente, esta crónica irá provocar algum tipo de revolta a todos aqueles que praticam o desporto para totós: um tal de hum… como é que se chama mesmo… ah, sim: jogging. Mas não estou preocupado com as reacções indignadas: porque ninguém irá comentar esta crónica. E sabem porquê? Porque, como bons totós que são, devem estar a praticar o jogging…

Isto é que é uma Vida de Cão, hem…