O Ladrão de Citações

Olá,

Começo por me apresentar (embora de boa educação eu tenha muito pouco) sou o José Oliveira e tenho aquela que é, porventura, a melhor profissão do Mundo: sou ladrão de citações.

Economista de formação, político de profissão, lojista de ambição, disseram-me que roubar citações estava aquém das ambições de quem, formado nessa bela escola da vida que é Moderna, decidiu desde muito novo seguir os sábios concelhos desse grande intelectual da usurpação académica Lusófona (Nuno Ferreira). Ele que era um grande escritor. Dos bons. Dos grandes (João Nogueira, 2014). Quase tão grande como a pensão de sobrevivência nacional. Este havia falido em falar do fulcral ponto da integração na minha linha de trabalho, que nada mais era do que levar avante a sua excelentíssima teoria… Mas infelizmente fui um incompreendido da Sociedade, por ter passado por demais tempo defendendo os méritos das praxes (ou praxe, não me lembro bem…) (João Campos, 2013; Tomás Goldstein, 2014).

A desilusão foi grande, tristemente grande. A sua comparação advinha de factos pouco documentados, que muito poucos aventureiros foram capazes de descortinar, a não ser pela sua vontade por Tágides (Luís de Camões, Os Lusíadas), algo que a linha de pensamento feminista jamais aprovaria, porém… Como poderia tal coisa ter um mínimo de importância? E foi assim que o sonho de ser lojista de produtos de beleza, saiu gorado. A culpa, a ser de alguém, foi do Gasparzinho. O tipo atravessou a parede para me dizer que não gostava dos meus descontos.

Vendo eu negado o meu sonho, tomei uma resolução rival de quem me impôs tudo aquilo que me foi impingido: tornei-me ladrão. Mas não um ladrão qualquer. Eu roubo citações. Tudo! Desde Saramago, passando por pessoa, Brecht, Stephen King, acabando nesse portento da literatura portuguesa que é a Margarida Rebelo Pinto.

Pouco sabia dessa área de negócios underground, sem ser quais as indicações que as páginas internéticas e as redes sociais (como o Facebook e o Twitter) me concediam. Mas perseverei e consegui juntar ideias para um modelo, secundado, apenas, pelo da Nokia (Filipe Vilarinho, 2014).

Realizei o crescimento deste modelo e… Finalmente… Fui bem sucedido. Nada de mais. Hoje, cito Passos Coelho, Martin Schulz, Obama e Kim Jong-un, numa mesma frase, com a leveza comparativa de um pedaço de sushi arremessado ao teto da sua sala de estar (aí está um procedimento que aconselho o leitor a realizar…).

E agora… Se me dão licença, retiro-me, para desta feita introduzir uma citação enjoativamente celestial no texto que me roubaram aquando da minha passagem pelo inferno (João Morais do Carmo, 2013; Viriato Queiroga, 2013).

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