O mundo vai acabar, não há salvação – Miguel Bessa Soares

A humanidade teve sempre um desejo perverso de colar no nosso planeta a etiqueta: “Consumir de preferência antes de:”. Eu tenho 34 anos, e assim de repente lembro-me que já me venderam o fim do mundo pelo menos 5 vezes.

Primeiro nos anos 80 o mundo ia acabar porque a terra ia atravessar a cauda do cometa Halley, nenhum humano iria resistir aos gases letais que dela fazem parte. Logo depois a chegada do ano 2000 marcava como certo o fim do mundo… rais parta esta gente, não pode ver um número redondo. Festejei como se não houvesse amanha, mas no dia 1 de Janeiro de 2001 já havia um inteligente qualquer que explicava num jornal, que nunca existiu o ano 0. Ou seja andamos um ano atrasados (por erro matemático), como tal o fim do mundo seria em 2001. Ainda no ano passado alguém previu o fim do mundo. Mas agora o medo vem de um calendário que foi feito em “não sei quantos” (“não sei quantos” – termo técnico) antes de Cristo.

Gente, os Maias foram conquistados pelos Espanhóis, os mesmo que os Portugueses correram do seu país vezes sem conta.



Seja como for, como qualquer premonição ou profecia as coisas nunca são claras. Tal como o “Borrão de Rorschach”, ou seja na tentativa de interpretação cada um projecta a sua personalidade.
Vamos à história do copo meio cheio ou meio vazio. A pessoa positiva dirá que está meio cheio, o negativista meio vazio, o “gajo com a mania da perseguição” – mais um termo técnico, vai perguntar quem bebeu o liquido do copo, e mais de metade de vocês até agora tinham a certeza que o copo tinha água…

Vamos tomar um exemplo simples, o título desta crónica. E vamos usa-lo como profecia.Vamos dar 3 segundos para a ler:
Quem quer acreditar no fim do mundo irá ler:
O mundo vai acabar, não há salvação.
Eu sou uma pessoa bem positiva, e acredito fortemente que li:
O mundo vai acabar? Não, há salvação.

Agora vou pedir-vos, a todos aqueles que me dão atenção (sim mãe, é para ti) vivam todos os dias como se fosse o último, porque o fim de cada individuo pode estar ao virar de cada esquina.
À minha responsabilidade vivam sem medo do mundo acabar a 21 de Dezembro, com a certeza que caso o mundo acabe, no dia 22 cá estarei para assumir as minhas responsabilidades.

Crónica de Miguel Bessa Soares
Mundo ao Contrário