O Oceanário será de quem der mais

Olá como está? Tem passado bem? Vejo que está mais robusto, tente fazer uma dieta de emagrecimento, se quiser posso partilhar a minha… É verdade o JJ em Alvalade, e o Vitória fora do Vitória, e o Marco que cenas… Concordo, a culpa é do Luís Filipe Vieira, esse é que esteve mal! Pois, e realmente é isso que mais importa no Mundo! A crise israelo-palestiniana, a questão do ISIS e ter saído o programa eleitoral da coligação PSD-CDS para a próxima legislatura, de nada importa! Digo mais: eu quero lá saber se milhares de PESSOAS morrem por dia a tentar atravessar o Mediterrâneo, se o meu Sporting não garantir o Bryan Ruiz e o outro para a próxima época! Pois…

Depois da crítica social do primeiro parágrafo devo dizer que também sou adepto, e ferrenho de bola. Gosto, não sei explicar. Dá-me gozo ver 22 parvos atrás de uma bola, e 5 palhaços a estragarem o espetáculo. Mas hoje gostava de falar sobre uma coisa que vai influenciar ligeiramente mais a minha vida do que o salário do Jesus pago pelo meu clube. E o tema desta semana é – rufam os tambores, numa tentativa de emoção – o Oceanário de Lisboa.

Diga-se que o negócio da TAP, do qual falei no último mês e que se veio a comprovar a excelente medida de vender a rede aérea mais segura do mundo por 22 milhões, já foi estúpido. Mas hoje vi outra decisão que me pareceu ainda melhor. Já tinha saído a público que o Governo iria concessionar o Oceanário de Lisboa. Quatro, dos cinco interessados, já se tinham assumido, sendo que a última empresa a entrar na corrida foi a espanhola Parques Reunidos.

Mas expliquem-me só uma coisa que não consigo perceber bem: num país tão ligado ao mar, onde o Oceanário é um dos instrumentos lúdicos mais utilizados pelas escolas – falo por mim, que entre o 1º ao 12º ano fui 5 vezes em visitas de estudo – que todos os dias está ao barrote, que todos os dias recebe centenas de turistas, é alugado por 5 anos por 10 milhões de euros. Dois milhões de euros por ano! Se dividirmos isso pelos 365 dias, significa 5479 euros e 45 cêntimos, o que dá uma média de 390 visitantes diários… Segundo o Correio da Manhã, este mesmo Oceanário tem uma média de 1 milhão de visitantes por ano, o que significam, 14 milhões de euros anuais.

Esperem, fui o único que se apercebeu o que se passa? Estamos a perceber que num ano a empresa que concessionar o Oceanário vai conseguir pagar os 5 anos do aluguer?! Isto faz-me lembrar aquele negócio do Pavilhão Atlântico vendido ao genro do Cavaco em que, num ano, recebe tanto de patrocínios para o Pavilhão, como aquilo que pagou para o comprar.

É neste tipo de negócios que realmente este Governo vinga! Portanto quando no último texto, para este nosso sítio, falei que a vista do Tejo ia ainda ser privatizada, e tendo em conta os milhões de turistas que temos na Cidade por ano para a contemplar, aposto que bem negociadinho o Estado ainda vai ganhar dois preservativos zig-zag! Com sorte um deles ainda por usar.

Faço votos para que mude a concepção do negócio em Portugal. Seja com qual for o Partido Político – desde o PCP, ao CDS-PP, e que se pare com o vender tudo ao desbarato. Estamos aqui com um conflito de ideologias. Com o risco de ainda me chamarem comunista, algo que entenderia como uma ofensa, penso que as empresas públicas que dão lucro deviam continuar sob alçada do Estado. As que não dão que, caso ainda tenham salvação, sejam sujeitas a reestruturações de forma a darem. Mas abdicar do controlo de empresas como a EDP ou a TAP, em termos estratégicos, é o mesmo que investir numa caça aos gambusinos.

Por último gostava de deixar uma mensagem a todos aqueles que pregam um discurso populista, demagogo e desajustado com a realidade: lembram-se do que aconteceu ao Mussolini? Aquele moço que ficou de pernas para o ar, em Roma, ao lado da amante… Esse era adorado pelo povo há não muito tempo antes disso. Mas é assim que acabam todos os populistas demagogos.

Até uma próxima, deste que tanto vos quer. “Vou tentar ir aí pelo natal…”