O plano da maioria – João Cerveira

Através de uma crónica humorista – a conhecida “Boca do Inferno” de Ricardo Araújo Pereira na revista Visão – concluí que, apesar do tom irónico e humorístico próprios do autor, ele pode bem ter razão em relação ao plano da maioria a longo prazo.

Pensemos então: apesar de todos falarem em crescimento, as decisões têm-se mostrado desastrosas e com efeitos contrários. Cada vez mais usa impostos ou outras formas de captar os fundos disponíveis das famílias, deixando-as sem poder de compra, sem possibilidade de aumentar o consumo (muitas vezes nem de o manter), o que vai provocar a baixa das vendas nas empresas, insustentável para muitas delas. Se as empresas não vendem, não há como manter empregos. E o crescimento do desemprego aumenta a despesa social do Estado, nomeadamente com subsídios de desemprego.
Mas isto não os demove. Então, qual é a verdadeira “missão” da maioria? Ninguém no seu perfeito juízo pensará que, depois de um mandato de esmagadora austeridade, vai ser reeleito. Será que a maioria actual quer deixar o Estado de uma forma tal que qualquer que seja o próximo Governo nada de substancial consiga fazer, promovendo o seu regresso? Nós já vimos membros deste Governo saírem por terem sido acusados de corrupção,  já vimos membros a sair por estarem ligados a swaps (menos Maria Luís Albuquerque, que tem estatuto de “quase-Deus”), já vimos membros a tomarem decisões irrevogáveis de saída e depois a voltarem e ministros a pedirem desculpas pela justiça portuguesa fazer investigações (entre outros casos). Há alguma coisa que ainda nos surpreenda vindo desta maioria?

 

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…