“O Que Eu Digo Não Se Escreve…” – Dia Mundial da Preguiça

A preguiça, essa estranha forma de estar na vida que, invariavelmente, pode ser excelentemente aproveitada como desculpa para não se mexer uma palha. Como, por exemplo, faltar ao trabalho.

“Estou, chefe? Olhe, daqui fala o Martins. Lamento, mas hoje não vou poder ir trabalhar…”

“Então porquê, Martins? Estás doente?”

“Não, chefe. Mas hoje é segunda-feira…”

“E então? Qual é o problema de ser segunda-feira, Martins?”

“É o primeiro dia de mais uma semana de trabalho e, infelizmente, é o pior dia para mim…”

“Por ser segunda-feira? Mas é um dia normal como os outros, Martins!”

“Sim, tem toda a razão, chefe. Mas acontece que é o único dia da semana em que sou violentamente atacado pela preguiça. Não há volta a dar. E para ir trabalhar com preguiça mais vale ficar em casa refastelado no sofá a ver séries… Porque não vou ser produtivo.”

“Ah! A preguiça… É compreensível, Martins. Fique lá em casa então, mas veja lá se cura isso e amanhã já vem trabalhar, está bom, Martins?”

Isto é que podia mutíssimo bem ser a normal realidade – existir chefes que compreendessem quando um trabalhador está a ser violentamente atacado por esse fenómeno da vida que é a preguiça. Mas não o é. A preguiça é – no meio laboral – entendido como sinónimo de “langonhas” (um ser que não gosta de se mexer, de respirar, de articular qualquer movimento que seja…). Mas não é bem assim. A preguiça, quando surge, é algo que nos abraça com tal veemência, que nos deixa sem forças para a combater. A preguiça é como se fosse uma espécie de colete-de-forças invisível com super-poderes para nos sugar toda a energia do corpo sem que demos conta de tal facto. Nós até queremos fazer algo. Queremos mexer-nos. Queremos combater a preguiça, mas ela ganha sempre. É inútil debatermos contra ela, porque ela sai vitoriosa e, quando damos por nós, estamos refastelados no sofá a ver televisão um dia inteiro sem parar. E quando nos tentamos levantar, ficamos com a sensação que nos caiu um lutador de sumo em cima, e não temos força para o mover.

Para quem ainda não se apercebeu de tal facto, eu informo: a preguiça é, indubitavelmente, um dos maiores males que existem nesta vida. Uma espécie de artimanha do Diabo para nos deixar totalmente vulneráveis a tudo o que ele entenda fazer depois. Porque ficamos sem reacção para ripostar seja de que forma for.

Agora… eu podia continuar aqui a desbravar caminhos intermináveis numa demanda insana contra a preguiça, mas acontece que, neste preciso momento, deu-se-me cá uma preguiça… que é melhor ficar por aqui, antes que a preguiça me ataque de forma violenta os dedos e eu…