O ser humano é parcial por natureza – Bruno Neves

Todo o ser humano faz um esforço para ser imparcial e para tratar tudo e todos por igual. Esta semana vamos falar da incapacidade que sermos imparciais e de não termos favoritos.

Parece um tema descabido? Mas olhe que não é, sabe porquê? Porque o ser humano totalmente imparcial ainda não nasceu, e muito provavelmente nunca vai nascer. Todos somos parciais, uns mais que outros, é certo, mas todos o somos. E atenção, todos nós sabemos que o somos, só que não o admitimos publicamente.

Por exemplo, quanto aos amigos: até o mais isolado dos adolescentes, tem amigos (nem que seja virtuais), contudo terá sempre um favorito. Haverá sempre um que se destaca e que se torna no “melhor amigo”. Não quer isto dizer que ele deteste os restantes, quer apenas dizer que se identifica mais com aquele amigo em especial. No entanto o segredo está em nunca revelar qual o melhor amigo, senão ainda pode é provocar o afastamento dos restantes. Até aqui tudo bem, o pior é quando este sentimento não é mútuo, ou seja, quando aquela pessoa que consideramos o melhor amigo não sente o mesmo em relação a nós. Dependendo da pessoa e da sua personalidade e feitio esta situação pode ser mais, ou menos, problemática e embaraçosa.

Mas o mesmo acontece com tudo o resto. Escrevemos com qualquer caneta, no entanto raras são as pessoas que não têm uma “caneta da sorte”. Sim, é uma palermice, porque todos sabemos que não passa de uma caneta normal, no entanto há quem leve isto muito a sério e por exemplo só faça testes com aquela caneta específica. Ou seja, aquela é a nossa caneta preferida.


O mesmo se aplica à roupa que vestimos no dia-a-dia, aos doces que comemos, aos jogos nos quais ocasionalmente perdemos horas, aos sites que consultamos diariamente, aos filmes que visionamos, aos livros que lemos, e por aí em diante. Se existem áreas onde não se revela difícil admitir as nossas preferências, o oposto também se verifica. Provavelmente nenhum de nós teria problema em assumir o clube pelo qual torce, no entanto dificilmente assumiríamos que gostamos mais de um membro da família que doutro. São áreas completamente diferentes, é certo, contudo existe um elemento comum: a nossa parcialidade.

E neste momento consegui colocar-vos todos, ou quase todos pelo menos, a pensar nas vossas preferências e gostos. Dependendo da área em causa esta pode ser uma reflexão mais, ou menos, complexa mas regra geral todos nós já “sabemos” a resposta. Podemos nunca ter pensado sobre o tema e achar que tratamos tudo e todos de igual forma, mas se formos a ver bem constatamos que tal não é verdade.

Assuma os seus gostos e preferências, não tenha medo. No entanto faça-o de forma inteligente, não arrisque demasiado. A fronteira entre o sucesso e o fracasso é muito escassa, não dê um passo maior do que a perna, jogue pelo seguro se necessário.

Boa semana, boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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