O SOL andará constipado? – José Ligeiro

Saudações, caros leitores.

O meu nome é José Ligeiro e sou astrónomo amador. Inicio aqui as minhas cronicas sobre Astronomia, uma das mais antigas ciências naturais da humanidade. Ao longo das semanas, dar-vos-ei a ler cronicas sobre os acontecimentos actuais, passados e até previsões e teorias sobre o futuro espacial, quer seja com humanos ou não.

Para quem não sabe, a Astronomia não começou com os Gregos ou Romanos dos quais resultaram a maior parte dos nomes conhecidos dos objectos celestes. Consta-se que o pessoal cabeludo de lança na mão já andava a registar nas cavernas e algumas rochas de exterior alguns acontecimentos que observavam durante as noites das caçadas. Os bons velhos tempos em que o pessoal andava com tudo ao leu, com pelo de mamute nas costas e sempre de pau na mão.

Sim, caros leitores, os grafites não são uma invenção moderna. O pessoal andou sempre a grafitar onde podia, mas nessa altura era para dar informações importantes e não algo do estilo: “O Antero esteve aqui!”, “Abaixo a troika” ou assim.

Mas vamos a coisas serias.

Começo por vos falar do SOL, a nossa estrela maravilha. Nestes últimos tempos parece que anda com “gases”. Sim, anda para lá com umas “convulsões” e a fazer erupções que produziram ejeções de massa coronal que felizmente não foram direcionadas à Terra pelo que não se esperam alterações da atividade geomagnética do planeta relacionadas com estes eventos. Portanto, nada de começar a andar por ai a dizer que o mundo vai acabar com tudo esturricado e que vamos morrer todos e coisas assim. Calma… é tudo muito natural.

Um destes eventos rasgou a coroa solar em cerca de 3 mil Km deixando para trás um assustador “canyon” de fogo que na realidade é plasma. Não, não vos falo dos ecrãs de TV modernos, mas de um estado físico e químico da matéria, similar ao gás, no qual certa porção das partículas é ionizada. O aquecimento deste gás provoca a dissociação das ligações dentro dos próprios átomos que são quebradas e onde os electrões se separam dos núcleos. O que sobra é um duplo fluido, sendo metade electrões e metade núcleos, transformando-o em plasma com partículas carregadas. Enfim, imaginem lava vulcânica (rocha incandescente) a tornar-se em gás mesmo á vossa frente.

No momento que decorre, estamos no ciclo mais activo do Sol que ocorre de 11 em 11 anos e este está a chegar ao seu auge. A isto chama-se “Máximo Solar”. O aumento do número de erupções é bastante comum nestas ocasiões e por isso não se alarmem. O curioso é que está previsto para as próximas semanas a inversão magnética dos seus polos e isso provoca pequenas alterações no sistema solar, o que pode levar a tempestades geomagnéticas susceptíveis de interferir nas comunicações de rádio e de satélite.

A juntar a esta intensificação da actividade solar, o fenómeno deverá também levar a um aumento de auroras boreais, algo sempre lindo de se ver nos céus com uma coloração verde, símbolo da esperança. Durante a vossa vida natural, testemunharão pelo menos 6 a 7 eventos destes, isto se não forem muitas vezes comer “fast food, claro.

O que se está a passar não é nada mais do que uma renovação de “pele”, uma Midlife crisis, pois este corpo celeste está a brilhar á cerca de 4,5 a 4,7 biliões de anos. Assim como a Terra, em que a superfície sofre mudanças de X em X anos, também o Sol tem o direito de se “esticar” e é o que se está a passar. Não é nada de estranho. Se se começar a alarmar a população, com o nível de conhecimento que a maioria tem, vão criar teorias da conspiração e a dizer que os governos é que nos deviam avisar para estas “catástrofes”.

Caros leitores, deixem que vos diga que é tudo natural e sem espinhas.

JoséLigeiroLogoCrónica de José Ligeiro
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