O terrível segredo das pessoas carinhosas

É indubitável: ninguém é perfeito e ninguém é igual. Por mais que custe a muita gentinha retrógrada, esta é uma certeza da vida. Por isso, a todas aquelas pessoas que intitulam a sua cara-metade de “alma gémea”, está na altura de colocarem um travão nisso porque estão a iludir-se de uma forma completamente absurda e desnecessária.

Existem pessoas com muito mau-feitio, aquelas que habitualmente apelidamos de “besta” usando um forte desdém no tom de voz. “Bestas” essas que, habitualmente, são as que mais têm sorte na vida — o que torna a vida um bocado estranha e injusta. Mas é o temos, portanto. E quanto a isso não há muito a fazer senão continuarmos a chamar-lhes “bestas” como se não houvesse o amanhã — nem que o façamos apenas em pensamento.

Mas depois existem aquelas pessoas que são completamente o oposto das “bestas”. São aquelas que, para elas, está sempre tudo muito bem e a vida é uma alegria e um vastíssimo mar de rosas. Essas pessoas vivem a vida de uma forma tão alegre e feliz que chega a causar comichão ao ponto de uma pessoa imaginar que apanhou sarna e quase arrancar a pele de tanto lá espetar as unhas.

E depois existem as pessoas “carinhosas”. E é aqui que eu tenho de revelar que tenho imensa aversão a pessoas fofinhas ou carinhosas. E por uma razão muito simples: o seu vocabulário. As pessoas carinhosas usam muitos os diminutivos. E isso é uma coisa que irrita. Desde o “amorzinho” ao “queridinho”, são capazes de moer a cabeça de uma pessoa com uma dose tal de “inhos” ou “inhas” que, se isso se suceder enquanto estamos a fazer a digestão, quase regurgitamos o bolo alimentar que se está a formar no estômago.

Mas essas pessoas escondem um terrível segredo. Por norma, elas não usam apenas os diminutivos para exteriorizar o carinho que abunda dentro delas. Elas fazem questão de usar, também, as palavras “coração” ou “fofinho/a” a finalizar uma frase quando se dirigem a nós. “Olá, está tudo bem coração?” ou mesmo “Sim, é como tu quiseres, fofinho!”, são duas das habituais frases em que estas pessoas exteriorizam o seu carinho por nós. Mas é preciso ter especial atenção a estas pessoas, pois elas não são bem aquilo que querem transparecer. Elas não são assim tão carinhosas quanto isso. E nem sequer nutrem carinho por nós. Elas transbordam não carinho, mas sim falsidade e uma dose de “ódiozinho”. Normalmente, quando elas aplicam a frase “Eu gosto tanto de ti, coração”, o que elas querem mesmo dizer é: “Eu odeio-te tanto, que estou aqui em pulgas para te espetar uma faca da cozinha no coração!”. E quando elas aplicam, por sua vez, a frase “Oh, estás com belíssimo aspecto hoje, fofinho!”, o que elas querem mesmo dizer é: “Eish, olha bem para ti. Estás mesmo com cara de cão com pulgas!”.

Quanto a vocês não sei, mas eu cá evito sempre pessoas assim. Não por mim, mas para a própria segurança delas. Pois não vá eu estar num daqueles “diazinhos” de “cãozinho com pulguinhas”, e munido de uma “faquinha” da cozinha…

Isto é que é uma Vida de Cão, hem…