**Estreia**O Tradutor do Estado – Pedro Alves

Caros leitores, o título da minha crónica apesar de puder parecer não tem nada de pretencioso. O meu objectivo com o “Tradutor do Estado” assenta apenas em tentar dar uma perspectiva, provavelmente diferente das vossas, que nos permita dissertar sobre o que realmente se vai passando neste nosso jardim à beira mar plantado.
O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que tem acompanhado pouco a actualidade política nacional, talvez seja porque esta não tem existido. Aparentemente quando a Assembleia da República vai de férias deixa de existir tempo para politiquices, o que nos faz pensar se a Assembleia não é uma espécie de Plural (empresa que criou algumas das novelas portuguesas), e se os deputados não passam de meros actores de 2ª linha.
Apesar das férias da política, o país, ainda que meio adormecido, não está de férias, e a exemplo disso temos o nosso Presidente da República a levar com manifestações à porta da sua casa no Algarve.
Vá lá que apesar da crise apertar, e o nosso Presidente “sem receber o suficiente para pagar as suas despesas”, conseguiu ír de férias até ao Algarve. Provavelmente teve de ír ao mealheiro para pagar a scut na via do infante.
Parece-me que a crise vai tão profunda, que, e tão sagazmente observado pelo presidente do F.C.Porto, vimos o nosso Presidente da República, o Primeiro Ministro e o líder do maior partido da oposição a tentar fazerem-se passar por apoiantes incondicionais de uma modalidade que duvido que a conheçam e tenho a certeza que nunca contribuiram para o seu sucesso, que é a canoagem.
A minha análise deste episódio caricato passa por tentar perceber o motivo para tal. A resposta mais óbvia (e provavelemente a mais certa) é a de que estariam a fazer politiquice com o segundo lugar da canoagem nos Jogos Olímpicos, no entanto deixo à vossa consideração uma segunda hipótese, não estariam antes a tentar surripiar a medalha, para pagarem mais uns impostos? Pode ser de prata, mas ainda nesta passada semana a casa da moeda ganhou mais de 80 milhões de euros a derreter esse metal.
Parece que existe uma luz ao fundo do túnel para a crise, mas que ninguém se iluda, ou é a luz de um comboio que nos vem atropelar, ou talvez seja o tão desejado crescimento, pois eu tenho uma outra sugestão provavelmente é a “descrise”. Não entendam esta expressão como o contrário da crise, não é esse o objectivo apesar do prefixo “des”, eu é que não me recordo de não ter vivido sem ser em crise, logo penso que o que vêm aí não é a solução para a crise, é quanto muito um aliviar da crise, uma crise menos pesada, ou seja uma “descrise”.



Crónica de Pedro Alves
O tradutor do Estado