O valor da amizade (puro e duro, sem lamechices)

Não vai ser fácil referir-me aos verdadeiros amigos sem ser um pouco lamechas, sem cair em frases feitas. Mas vamos tentar – se fosse fácil, não dava tanto prazer tentar.

 Em certas alturas do ano (muito poucas por sinal, mas a vida de quem trabalha nem sempre é justa), faço mais de 400 km para ter uns dias de férias em família. E não é fácil marcar estes dias quando – primeiro – se tem duas ocupações. Exige coordenação entre ambos e alguma flexibilidade da entidade patronal. Os meus chefes têm, ao longo dos anos, facilitado a minha vida (se a CGTP lê isto, sou excomungado do meu sindicato). E – segundo – mais difícil se torna quando se tem um animal de estimação que tem uma doença crónica, que precisa de medicação permanente e de visitas regulares ao veterinário e que sofre bastante nas viagens, pelo que é má opção ir comigo.

É aqui que entram os meus amigos. Aquelas pessoas incríveis que me aturam todo o ano (e não é fácil) e chegam a estas alturas e dizem-me “sem problemas, vai descansado que nós cuidamos do gato, até das idas ao veterinário”. Quem é que faz isso? Aqueles que estão sempre disponíveis para ajudar. Aqueles que se ofereceram para ajudar nas mudanças, quando mudei de casa. Aqueles que se preocupam e se oferecem para ir às compras por nós quando estamos doentes, em casa, de baixa. Aqueles que, quando o portátil ameaça avariar dizem “manda para cá isso que eu resolvo”. Em suma, aqueles que querem sempre ajudar, esperando apenas por troca o mesmo tratamento, a mesma atenção, a mesma amizade.

Ok, está a tornar-se um pouco lamechas. Mas não estou a ver como escrever isto de outra forma.
A todos eles, o meu obrigado.

Crónica de João Cerveira

Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990