Olhar de viajante

Olhar de viajante
Que me fascina e beija,
Deslumbrando o horizonte
Por quanto o meu ser almeja

 

Confrontando o tempo que demora
Na ausência do teu abraço,
Sei que passas àquela hora
Num dulcíssimo cansaço,

 

Abraça-me como o mar abraça o nosso Pais
Espero que me sorris,
O que fica do que passa no leito do Rio Lis,
Sabendo, assim, a equação da minha Matriz.

 

O toque da tua mão
Deixa-me pensativo,
Faz bater o meu coração
Num momento sensitivo:

 

Quero ver-te, ouvir-te,
Olhar-te por, simplesmente,
Apenas existires.
Quero amar-te,

 

Nas veredas que me viram nascer
Alegra-me sentir-me bem,
Onde o Tejo vem adormecer
À noite, pedindo aos Poetas que declamem,

 

Talvez diria se pudesse
Evitar sinónimos confusos,
Se não escrevesse
Estes versos,

 

Desenhados de memória,
Contigo percorro as ruas das cidades,
Se não existisses não poderia
Ter Saudade das Saudades,

 

E, tocando a tua pele, sinto a palavra
Saudade num verso de Neruda,
Eu, feliz seria
Se tu viesses trazer-me o Céu de Lisboa.

Poema de Nuno Vicente