Olhar nos olhos dos outros

Pelas redes sociais surgiu um vídeo onde estão seis casais a olhar entre os elementos do casal, um para o outro, durante quatro (longos acrescento eu) minutos. Dizem (ou um estudo diz) que estes quatro minutos a olhar para outra pessoa podem levar-nos apaixonar por ela.

Dos casais que fizeram esta experiência apenas um era totalmente estranho, os outros tinham relações há mais ou menos tempo, e um deles andava nos chamados encontros (4º encontro se não me engano), portanto a maioria está (ou já esteve, dependerá deles) apaixonada pelo outro. A partir destas informações, penso que não será uma experiência válida para chegar à dita conclusão se leva (ou não) a apaixonar-nos. Podemos no entanto ver o vídeo de outra forma, especialmente quando um dos elementos do casal casado há mais de cinco décadas diz que em 55 anos de casamento nunca se olharam assim.

Será que não olhamos para os outros de forma a vê-los verdadeiramente? Já sabemos que existem situações que pretendemos ignorar, não olhando para elas. Os sem abrigos e as pessoas que pedem pela rua são exemplos disso mesmo, não são olhadas muitas vezes. Mas neste caso, falo de olharmos para os outros no geral, de quem nos é próximo, seja namorado(a), amigo(a), familiar. Quando foi a última vez que olharam, como o vídeo apresenta, para alguém? Ou que simplesmente trocaram olhares com alguém?

Pessoalmente posso dizer que já fiz este tipo de experiência (não propositado para lhe chamar experiência) e que o resultado foi impressionante. Primeiro foi complicado, sentia como se estivessem a invadir o meu espaço, da minha privacidade (não digo entrar nos meus pensamentos para não parecer maluca, mas senti algo do género). Contudo parece que ficámos a conhecer melhor a outra pessoa e vice-versa, não sei explicar. Eu tenho a teoria que os olhos dizem muito para quem os souber “ler” (ou ver com olhos de ver). E desta forma parece que vemos mais do que imaginamos.

O vídeo demonstra muito bem aquela estranheza, invasão do espaço da outra pessoa, porém depois desta reacção inicial, mostra uma tranquilidade por simplesmente estar a olhar nos olhos do outro (isto vê-se mais nos casais que realmente o são).

Será uma boa experiência para “perdermos a vergonha” de certa forma. Quebrar o gelo não quebrando. Com um olhar podemos dizer tanto sem falar. Olhar realmente os outros, olhos nos olhos, não apenas superficialmente.

Aquela popular pergunta do Daniel Oliveira, O que dizem os teus olhos?, parece tão simples e ao mesmo tempo tão difícil de responder. Mas e se fizermos a pergunta ao contrário: Olha para os meus olhos e o que é que vês? Ou o que é que eles dizem?. Será que iríamos responder facilmente? Tenho as minhas dúvidas.

Portanto aqui fica a pergunta:

O que vê nos olhos dos outros?