Olhar Para Cima – Carla Vieira

Sabem aquelas fantasias que tiveram quando eram crianças de que queriam ser veterinários ou bombeiros ou astronautas? Bem, eu nunca tive esse tipo de fantasias, mas ainda assim enquanto crescia havia sempre algo no céu que eu não conseguia perceber mas me fascinava. Na verdade, ainda fascina.

Quem vive nas cidades anda como as formigas, sempre a olhar para o chão, nunca olhando para cima. Mas também, se olhassem para cima nada veriam. O céu da cidade é escuro e apagado. Onde eu moro, no entanto, perto mas longe da poluição da cidade, o céu é claro e límpido, e todas as noites salpica-se de estrelas brilhantes e luzinhas que piscam.

Se há coisa que gosto é sentar-me nas escadas e olhar para cima, para onde não há nada a não ser escuridão salpicada de luzes. Quando não há nuvens no céu consigo ver constelações completas, algo que nem toda a gente se pode orgulhar de ver. Cá no meu íntimo consigo dizer que sim, as estrelas só brilham porque são enormes bolas de energia, mas ainda assim são bonitas e têm uma certa carga mística para alguns de nós.

Se tudo correr bem na minha vida, vou arranjar uma casa perto da cidade mas longe da poluição, e em todas as noites límpidas, quer de Verão ou de Inverno, vou pegar numa mantinha e uma caneca de chocolate quente e vou olhar para as estrelas. Vou ficar a olhar até me sentir bem e em paz e depois vou para o sofá descansar. Se tudo correr bem, vou fazer de olhar para as estrelas um hábito. Acho bonito. Precisamos todos de ver mais beleza no mundo que parece meio perdido. A minha maneira de ver beleza é esta, e espero conseguir mantê-la. Sim, tenho esperança.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente