Começando pelo princípio, eu não quero ter filhos. Ponto final.
Ora, eu não sei por que é que esta afirmação choca pessoas (e por pessoas leia-se mulheres). Pelo estado do mundo, até me parece uma afirmação bastante lógica: o mundo está demasiado povoado, a economia está má por isso as despesas extra não são bem-vindas, e pelo que vejo do futuro da minha vida, vou andar demasiado ocupada para essas coisas… Já para não falar do preço que o corpo paga durante os meses em que é obrigado a dilatar e nós vomitamos e comemos tudo o que nos aparece à frente.
Mas pronto, há quem queira ter repolhos e eu respeito isso. Confunde-me quando as reacções são mais negativas do que positivas até porque as desvantagens são imensas. Eu bem ouço as pessoas adultas a queixarem-se do que o Tiago fez ou a Carolina disse ou os gémeos aprontaram no ginásio da casa. E não só, temos o facto da adolescência ser uma coisinha terrível para os pais porque não interessa o que façam, são sempre os piores de sempre.
Portanto, embora tenha sempre estas razões na ponta da língua, não há pessoa que os afaste para o lado e diga “mas é tão bom ser mãe!” como se essas palavras magicamente me conseguissem mudar de opinião. Não conseguem, mas ouço-as. E nada contra, até acredito que seja.
Esclarecendo as coisas, eu não tenho nada contra quem queria ser mãe, nada. Não gosto muito da falta de apoio ou compreensão que recebo, mas aceito que seja natural. Ser mãe é algo natural e por isso ir contra esse instinto é visto como antinatural e tem de ser explorado.
No entanto, há quem pense como eu mas ao contrário de mim não perceba que a reacção destas pessoas é perfeitamente compreensível. Atentem, há uma linha que separa o aceitável do escárnio, e isso também não tolero. Não escarneço das outras pessoas por isso não me venham dizer que estou a passar por uma fase qualquer ou um homem me vai fazer mudar de ideias. Aliás, nesse aspecto podem bem tirar o cavalinho da chuva, temos os dois a mesma opinião.
Não concordo no entanto com as pessoas que têm a minha opinião mas sentem a necessidade de rebaixar o pseudo-repolho e falam contra quem quer mesmo ter filhos. Isso não acho aceitável e acho que nada de bom alguma vez virá de pessoas que se sentem rebaixadas e por isso rebaixam também.
É um problema cada vez mais comum nesta geração: as pessoas tentarem lutar pelos seus direitos mas não respeitando os direitos dos outros no processo. É um hábito horrível achar que porque um qualquer grupo de pessoas se sente discriminado pela sociedade em geral, que se atirem de goelas abertas contra tudo e todos os que não fazem parte desse grupo discriminado. Nunca ninguém alcançou a igualdade assim, e não são vocês que a vão alcançar só porque se acham melhores do que os outros e são floquinhos de neve especiais de corrida.
Adorei o título da sua crônica. Ele já fala muito.
Temos que aprender a perdoar uns aos outros, não somos perfeitos.
Se cada um tiver for cobrar o que lhe foi feito de mau, estamos todos em péssima situação, afinal, somos todos errantes.
Um abraço.
Crónica interessante. Por vezes as pessoas esquecem-se que pessoas diferentes possuem diferentes backrounds, diferentes histórias de vida. E que há coisas que só dizem respeito a cada um, e não nos devemos sentir superiores só por termos decisões diferentes.
Uma pessoa não se sente capaz de ter filhos? Não tem, já há muitas crianças abandonadas no mundo sem amor, não vale a pena ter mais.
Uma pessoa quer ter filhos? Criar uma família é uma coisa bonita, e se acha que os problemas superam ainda bem.
Há pontos positivos e negativos de cada escolha, cada um tem que escolher. E é a decisão dessa pessoa. Porque vai influenciar essa pessoa.