+opinião – Behind the Scenes 1/3

A vida é também feita de memórias, e quando se documenta as memórias elas são imortalizadas em história. É isso que vou tentar fazer, contar-lhe a curta história de 3 anos do +opinião, enquanto documento tudo o que foi feito, para que estes 3 anos de história exista. Isto é +opinião – Behind the Scenes.

Foi em 2011 que surgiu a ideia de fazer o +opinião. Mas esse não foi o primeiro nome dele.

No início do ano de 2011 eu trabalhava para 3 publicações regulares (duas impressas uma online), embora em projectos diferentes era algo que já fazia há algum tempo em modo de freelance. Por onde eu passava havia sempre um apertar de regras, uma imposição e limitação às ideias próprias e até à escrita, que na maior parte das vezes não compensava o singelo número que vinha no cheque. Eu achava que não devia ser o único a pensar assim. E estava na hora de dar o murro na mesa.

Nunca tinha liderado nenhum projecto do género, os meus conhecimentos para o fazer online eram poucos, nem tinha bem a noção da importância de algumas imposições que me faziam nos textos publicados online. Mesmo assim, e sempre com o intuito de criar um espaço livre, onde cada pessoa pudesse dissertar sobre o tema que quisesse completamente livremente, comecei a pesquisar sobre a forma de o fazer. As primeiras linhas das conclusões que tirei tinham uma meta – Blog Global, com vários intervenientes, de temas diversos. Há medida que a ideia ganha forma começa a trabalhar-se sobre o nome PSI – Para Sua Informação.

Amizades determinantes

Um dos grandes responsáveis por existir o +opinião, talvez o maior responsável é o João Cerveira, curiosamente é o único que se mantém aqui de pedra e cal desde o primeiro momento. Foi ele uma das pessoas com quem eu fui ter, explicar-lhe a minha ideia, e pedir ajuda para a conceber. O João não só gostou da ideia, como me mostrou que seria possível fazê-lo. Todas as restantes portas se fecharam. Colegas redactores, não acreditavam em algo do género, ninguém que estava no meio queria participar, afirmando sempre que “Algo sem regras não vai a lado nenhum.”

Eu sou português, e na dúvida vou aplicando a lei do “deixa andar”, mas o João não me deixou, aproximava-se o verão e o João sempre que podia perguntava-me como isto estava e dizia sempre “vamos lá fazer isto.” Eu muni-me  de toda a documentação que tinha juntado, de todos os nãos que tinha levado, e prometi a mim mesmo que numa noite quente iria dedicar-me ao assunto. Acaso do destino a noite quente aconteceu, algures em Agosto o calor não me deixou dormir, e entre o “arranjar” o que fazer para o tempo da madrugada passar, lembrei-me de todos os papeis que tinham ido comigo, e todos os ficheiros que fervilhavam no meu computador sobre o assunto PSI.

Foi a primeira noite que dediquei ao +opinião, aproveitei uma mesa fora de casa onde corria uma brisa nocturna perfeita, e li e reli tudo o que tinha juntado. Pelas 6 da manhã já estava a fazer café, e já tinha um conjunto de ideias que ainda hoje são aplicadas no +opinião. A primeira grande diferença é que não queria dar informação, queria a opinião das pessoas, como tal o nome teria de ser “opinião”, mas era um blog global, com ideias diferentes sobre o mesmo assunto, seria por isso Mais, MaisOpinião. Teríamos de ter no mínimo 7 colunistas para arrancar (um por cada dia da semana), a liberdade seria total para quem escrevesse, e teríamos de ter colunistas das mesmas áreas com ideias diferentes. Mal regressei de férias contei tudo ao João e logo em setembro de 2011 foi registado www.maisopiniao.com.

Faltavam agora colunistas, e como “vender” a ideia a alguém se ela era apenas uma ideia. Quem estava no meio ia rejeitando sempre a hipótese de contribuir para o +opinião, e eu já estava habituado à frase “isso não vai a lado nenhum”.

Com experiência apenas João Pinto Costa me recebeu de braços abertos. O conhecido humorista, com um livro acabado de lançar, gostou da ideia do +opinião, não só garantiu que podia contar com a sua colaboração regular como me trouxe outro grande humorista: Amílcar Monteiro.

Quem também não negou, e acreditou no projecto foi Carlos Santos, jornalista, meu amigo pessoal acreditou e quis embarcar na ideia.

Não eram suficientes, e só me restava uma hipótese: fazer escritores.

Eu conhecia gente com opinião, mas escrever não era com elas, fui falar com essas pessoas, e consegui convence-las a encontrar um tema todas as semanas, e dissecar sobre ele. Não foi fácil, estamos a falar de pessoas que me faziam esse favor. Não vou mentir, passei algumas horas a transformar relatórios em crónicas, ou sentado a tentar que uma ideia, que um tema, se transformasse numa crónica. Mas aprendi que muita gente só precisa de alguma orientação, boas ideias não faltam, coloca-las no papel é mais difícil.

olx – um parceiro improvável

Com as as publicações regulares a acontecerem, e com mais leitores do que alguma era esperado novembro e dezembro foram os meses de implementação do +opinião. Nessa altura foi logo necessário alterar o design do site, que não tinha a performance desejada, e como já havia algo para mostrar, algo que trazia publico, estava na hora de arranjar mais colunistas.

Um anuncio no olx trazia gente de todas as áreas. Algumas candidaturas inesperadas, aparecia gente com curriculum e vontade de fazer parte do projecto. Rapidamente o +opinião passa de 1 a 2 publicações fixas diárias. E os leitores duplicam. Curiosamente desses primeiros colunistas não resta nenhum, alguns deixaram de colaborar, outros dedicaram-se a outros projectos, mas curiosamente muitos deles continuam a visitar o +opinião.

Na próxima semana vou contar-lhe como o segundo anúncio em busca de novos colunistas muda de forma brutal a vida do +opinião, e como as coisas são rapidamente modificadas, para o +opinião duplicar rapidamente o número de visitas. Muitas das pessoas envolvidas nessa mudança que continuam por cá.

Espero que tenha gostado desta primeira parte, que acima de tudo é muito pessoal. Foi bom abrir o coração…

Não posso deixar este texto sem agradecer à pessoa que sempre esteve ao meu lado a apoiar-me para fazer o +opinião, a minha esposa. Ela que também, embora com outro nome, foi uma das primeiras opinadoras.