As “opiniões” na rede – O caso da invasão de Gaza

Antes de tudo, queria aproveitar o início da minha crónica para agradecer a oportunidade de, semanalmente, explanar o meu ponto de vista neste espaço sobre diversas temáticas. Espero não defraudar as expectativas dos diversos leitores que, creio sejam altas, dada a qualidade dos textos dos meus pares. Tudo farei para que as linhas que escreverei daqui para a frente, semanalmente, ao Domingo, sejam uma janela interessante de debate saudável, acima de tudo, com elevação.

Passemos agora ao tema desta crónica. Venho falar-vos da invasão de Gaza que, no passado dia 17 foi noticiada pelo “Jornal Sol” na sua edição online. Desenganem-se os que pensam que vou começar a defender os Palestinianos ou os Israelitas; podem também partir para o texto seguinte todos aqueles que acham que vou começar a tentar efectuar a “história” do conflito. Isso não vai acontecer por duas razões: A primeira, passa pelo facto de existirem pessoas com muito mais conhecimento que eu para falarem sobre o assunto, a segunda está mais relacionada com o factor preguiça, o qual admito sem grandes problemas. Estudar sobre os novos desenvolvimentos do conflito dá trabalho e consome tempo e, se é verdade que estou cheio do primeiro, não deixa de ser também verdade que tenho um enorme défice do segundo.

Que vou fazer então? Vou começar precisamente por algo escrito no parágrafo acima: “defender Palestinianos ou Israelitas”. No fundo é isto que se passa nas redes sociais; de um lado os defensores do lado Palestiniano (a maioria) e, do outro lado, uma minoria a defender acerrimamente os Israelitas e a sua investida militar. É possível que seja um indivíduo um pouco desfasado da realidade, contudo na minha concepção, numa guerra, nunca existe só um lado culpado. Mais, numa guerra uns não são os “bonzinhos e o povo oprimido” comparativamente ao outro lado apelidado de “genocida”. Note-se que não estou a defender Israel, estou apenas a tentar espelhar as reacções dominantes à notícia publicada no “Sol” a respeito da invasão de Gaza.

A massificação dos meios de comunicação arrastou consigo a massificação das opiniões. Todas as pessoas têm opinião sobre tudo, mesmo que não entendam nada do assunto em causa. Se por um lado este pluralismo de opinião é de saudar, por outro é necessário um crivo para passar a pente fino as opiniões que vêm acrescentar algo a um determinado tema. Nesta notícia olhando aleatoriamente os comentários podemos ler alguns como, e passo a citar:

  • “ASSASSINOS!!! ASSASSINOS! Boicote geral a tudo o que é Israelita!” (com 54 likes);
  • “As vezes, chego a questionar me, se o Adolf Hitler nao teria razao em relacao aos judeus.” (com uns “respeitáveis” 22 likes)
  • “Assassino, fascista!!!! o holocausto vai começar na Palestina!” (comentário muito “moderado”, por isso mesmo só mereceu 8 likes)
  • “Sempre pela calada da noite, como os vampiros!” (este teve 7 likes!)

Está tudo louco??? Se estes comentários pecam por graves, dado que revelam um desconhecimento assustador por parte dos seus autores a juntar, claro está, um radicalismo atroz, próprio dos movimentos extremistas da primeira metade do século XX, bem pior são os apoios que recebem! O “mata/esfola” é, pelo menos nas redes sociais, o melhor meio para ser-se notado, apoiado e até louvado!

Falta consciência, falta conteúdo, falta assertividade e, curiosamente ou talvez não, é esta falta de consciência, conteúdo e assertividade que mais entusiasma os leitores. Conclusões? O extremismo anda no ar! Esperemos que se limite às redes sociais e não se lembre de sair cá para fora. Felizmente, a cobardia continua a ser a arma de arremesso por excelência atrás do ecrã!