A origem do Hooligaanismo

Olá, caríssimo leitor. Primeiro que tudo – e antes de desbravar caminho pelo perturbador tema que é o “Hooliganismo” –, permita-me que o felicite. O leitor hoje está esplêndido! Basta olhar para si, para constatar que teve umas férias em grande, hein! E que tomou as devidas precauções nas idas à praia, não foi? Colocou protector solar factor 50+ e evitou claramente as horas de maior calor, não foi meu caro amigo?

Não precisa de estar com essa expressão confusa, tentando entender como é que eu sei que tomou as devidas precauções nestas férias de verão. Eu explico, e verá que foi um exercício de dedução até bastante simples. Então, o meu caro amigo está BRANQUELAS COMO A CAL DA PAREDE! Isso é que foi esfregar protector à bruta pelo corpinho, hein? E de certeza que foi algum protector solar ganho num passatempo típico de verão, não foi? Porque, ao preço a que o raça dos protectores solares andam, tenho a certeza que não se besuntava assim se o tivesse comprado do seu bolso. Do género: “Ah, vou só colocar um poucochinho, para ver se este protector solar dura até ao ano que vem…” Seu semítico! Não tem vergonha?! Com a saúde não se olha a despesas, meu amigo! É POR ESTAS E POR OUTRAS, QUE ESTE PAÍS ESTÁ COMO ESTÁ! AS PESSOAS PREOCUPAM-SE MAIS COM A CARTEIRA, DO QUE COM A SUA PRÓPRIA SAÚDE – e por isso, de 3 em 3 meses, compram uma carteira nova, nas esperança de lá conseguirem colocar todos os cartões que têm, mas nunca conseguem… Nunca! NUNCA! NUUUUUNNNNNNCAAAAAAAA!

(Meu caro amigo… Quero lamentar expressamente tudo o que se passou anteriormente. É tudo resultado de uma revolta interior que me consome o sistema nervoso, e que me coloca a escrever coisas sem qualquer nexo. Ou então, é derivado da pesquisa intensiva que fiz ao nível do tema que lhe trago hoje, o “Hooliganismo”. Aos poucos e poucos, penso que me esteja a tornar num “pseudo-hooligan”… Se assim o for, por favor, peço-lhe encarecidamente que me ofereça uma garrafa de Licor Beirão, que a “coisa” volta ao seu estado normal… )

Vamos a assuntos sérios! Meu caro amigo, eu descobri a origem do Hooliganismo!

“Pfff… Grande coisa! Basta ir à Wikipédia, para saber isso… Uau!”, retruca o caro leitor.

Sabe que tipo de resposta merece o leitor neste preciso momento? Esta: “PSHIU, CALE-SE!”

Avancemos…

O meu sobrinho de 5 anos, iniciou a prática do futebol. Tudo é novidade para ele; os colegas, os treinadores, e até a pequena multidão de pais que se aglomeram à volta do campo, para ver os “putos” a darem pontapés na redondinha. Ora, toda a gente sabe que os petizes, naquelas idades, querem dar pontapés, sim senhor, mas não é na bola. É mais nas canelas dos colegas. E é aqui que começa a minha exaustiva pesquisa pela origem do Hooliganismo. Calma, eu não estou a dizer que os putos já são pequenos hooligans. Eles não têm culpa nenhuma. Eles estão ali apenas para se divertirem. Nada mais que isso. Mas para os pais, não… Para os pais, os seus filhos têm de COMER A RELVA! Têm de POSSUIR AMOR À CAMISOLA! Com 5 anos, os putos, perante os olhos dos pais, têm de ser todos o próximo Pepe! E é aqui que começa o Hooliganismo a ser inadvertidamente implementado nas mentes dos petizes.

Durante a minha profunda pesquisa sobre a origem do Hooliganismo, tive a oportunidade – e o desprazer – de assistir a vários diálogos menos agradáveis entre os pais dos miúdos. Por razões de preguiça, vou apenas colocar aqui um dos diálogos, para que o leitor entenda como cheguei à origem do hooliganismo… Ora cá vai um breve diálogo entre dois pais, que assistiam pacatamente (ou não…) ao treino dos seus filhos queridos…

(Por mera questão humorística, decidi atribuir nomes absurdos aos pais… Um deles será o Zé Pipi, e o outro o Toni dos Caracóis. Porquê estes nomes? Talvez por possuir um gosto especial por caracóis e pipis… Sei lá…)

Zé Pipi (gritando): VAI, TOMÁS! VAI, CORRE ATRÁS DELE! ISSO! NÃO O LARGUES! VAI QUE ELE É FRAQUINHO! ELE QUASE NÃO SE MEXE! NÃO VÊS QUE ELE É GORDINHO?! VÁ, TU CONSEGUES! VÁ, PUTO!

Toni dos Caracóis: Ó amigo… Tenha lá mais calminha, sim…

Zé Pipi: Qual calminha, qual quê?! Futebol não é para meninas! Ou são homens, ou então que se dediquem aos estudos para serem médicos, ou advogados ou o raio que os parta!

Toni dos Caracóis: São apenas crianças… Eles estão aqui para se divertirem. Tenha lá calma. E o que é que tem contra os advogados? Acontece que eu sou advogado, e não sou menos homem por isso, sim?!

Zé Pipi: Eu logo vi que você era advogado… Com essa carinha de criança assustada… E já agora, qual é o seu problema?!

Toni dos Caracóis: O meu problema é o facto de o senhor estar a chamar nomes ao meu filho. O “gordinho” que tem a bola, está a ver? Ele não é gordinho nenhum! Apenas tem uma fisionomia mais larga…

Zé Pipi: Olha-me este… Deves ser fresco, deves… Ó meu amigo, não me chateie! (gritando para o campo)VAI TOMÁS, TIRA A BOLA AO BADOCHA! FAZ-LHE UM CARRINHO! PARTE-LHE A PERNA SE FOR PRECISO! AO MENOS ASSIM PODE SER QUE ELE SE FAÇA UM HOMEM, E NÃO SAIA AO PAIZINHO QUE É ADVOGADO! VAI! ISSO! PIMBBBAAAAA! MESMO NAS CANELAS! ASSIM É QUE É FILHO! SAIS AQUI AO PAI‼!

Toni do Caracóis: Olhe, ó amigo. Você tem mesmo de se acalmar, para que não haja aqui chatice, está a ouvir?

Zé Pipi: O que foi, pá?! Estás a ameaçar-me, é?

Toni do Caracóis: Nada disso, meu caro amigo. Considere isto como um pequeno aviso, e nada mais que isso!

Zé Pipi: E se eu não quiser levar o seu aviso em consideração? Vai bater-me, é? Ensine mas é o seu filho a ser rijo, que é isso que é preciso para serem grandes jogadores de futebol: fazerem-se uns verdadeiros guerreiros!

Toni do Caracóis: Vamos lá a ter calminha, está bom? Antes que eu tenha de me chatear…

Zé Pipi: Ai, que o advogadinho ainda se chateia… (gritando para o campo) FILHO! ASSIM QUE PUDERES, DÁ OUTRA CACETADA NO BADOCHA! QUE É PARA VER SE ELE NÃO SAI AO PAIZINHO!

Toni do Caracóis: Pois, muito bem! Você é que pediu…

Zé Pipi (arregaçando as mangas): É agora? É agora que vai aprender a ficar caladinho e sossegadinho no seu canto? Vá, venha cá aprender… Venha que leva uma cabeçada à Pepe, que até anda nas horas!

Toni dos Caracóis: Não meu amigo… Não preciso de o enfrentar… Não vou rebaixar-me ao seu fraco nível… (gritando para o campo)DIOGO, MEU FILHO. OLHE, ASSIM QUE O TRINCA-ESPINHAS DESSE MINORCA QUE LHE DEU UMA VALENTE PANCADA NAS PERNAS SE CHEGUE AO PÉ DE SI, FAÇA COMO NAS AULAS DE KARATÉ, ESTÁ BOM? E SE QUISER, PODE PARTIR PERNAS, BRAÇOS OU ATÉ USAR OS COTOVELOS PARA PARTIR UMAS QUANTAS COSTELAS A ESSE ESQUELETO-ANDANTE… AH, E NÃO SE PREOCUPE QUE EU DIGO AO SEU SENSEI QUE FOI APENAS EM LEGÍTIMA DEFESA… UM BEIJINHO, DIOGO. O PAI AMA-O MUITO… MAS PARTA ESSE RAQUÍTICO EM DOIS! IMEDIATAMENTE‼

Zé Pipi: Ei! O que pensa que está a fazer… Se pensa que o meu Tomás se deixa levar porrada do seu filho badocha, pois que está muito enganado, ó advogadinho totó… Ei, espera aí… Oh, não! Mande o seu filho parar! Ei! Não! Tomás… Tomás… Tu não te fiques… Não envergonhes o teu pai…!

Toni dos Caracóis: Tarde demais… Se eu fosse a si, chamava uma ambulância… Pois parece que o raquítico do seu filho não está lá em grandes condições…

Zé Pipi (gritando): ISTO NÃO FICA ASSIM! EU VOU PROCESSÁ-LO! VOCÊ VAI VER!

Toni dos Caracóis: Força, meu caro amigo… Aliás, se quiser, eu posso indicar um ou dois bons colegas meus para o defender em tribunal…

Zé Pipi: Raios, esqueci-me que este é advogado… (gritando para o campo) TOMÁS, DEIXA-TE DE MARIQUICES! VAMOS EMBORA! QUERO LÁ SABER SE ESTÁS A CHORAR OU NÃO! ANDA! EMBORA PARA CASA! VAMOS PASSAR O RESTO DO DIA A VER FILMES DO BRUCE LEE, E AMANHÃ VOU INSCREVER-TE NO KARATÉ! A BOLA NÃO É PARA TI! ANDOR À MINHA FRENTE!

É com atitudes destas que se constrói a personalidade de um hooligan. Força Tomás, estou contigo e não ligues ao teu pai, senão vais passar o resto da tua vida em frente ao forno de um McDonald´s a grelhar hambúrgueres… depois de teres sido proibido de entrar em estádios de futebol, por seres um hooligan!

Até para a semana, malta catita…