Os Critérios de Uma Assistente Social – Júlio Silva

A pergunta que eu hoje faço, e na qual vou basear este meu artigo é.
Quais são os critérios de uma Assistente Social, para decidir quem é que precisa de ajuda ou não?

Eu, sinceramente por vezes fico perplexo com as decisões de certas Assistentes Sociais, e com as respostas que estas dão aos seus utentes, às pessoas que estas senhoras deveriam de ajudar.

Pessoas que existem, e que vivem cheias de carências, e que por uma maneira ou outra são a razão dessas Assistentes Sociais terem emprego e receberem um ordenado muito acima do ordenado mínimo, o que faz com que algumas delas se abstraiam das sérias dificuldades que muitos Portugueses passam no dia-a-dia.

Vou começar por justificar o que eu acabei de afirmar, descrevendo um episódio que se passou há dias aqui bem pertinho de mim, ou seja no Concelho vizinho de Estarreja mais propriamente na Freguesia de Avanca.

Joaquim Dias Cardoso, é um homem de 51 anos com mobilidade reduzida devido a dois AVC que sofreu, vive sozinho e tem como rendimento 180€ que a Segurança Social, lhe paga todos os meses.

Ora quando eu falo que o Joaquim tem uma mobilidade reduzida é mesmo reduzida, ao ponto de demorar cerca de três horas para ira pé de sua casa até ao centro de Avanca, numa distância de mais ou menos 3 km.

Como todos os anos o Joaquim, tem que provar que está mesmo incapacitado de trabalhar, teve mais uma vez que tratar de todos os papéis para poder usufruir do rendimento mínimo.

Com este propósito, pediu à Assistente Social de Avanca, se não o poderia ajudar, fosse no transporte ou a tratar-lhe da respetiva de comentação, recebeu como resposta um não, e que se desenrascasse como quisesse.

Um não, porque não tinha carrinha nenhuma disponível, e que ao mesmo tempo não tinha tempo para poder tratar-lhe da de comentação.

Todos nós sabemos, que no meio de tudo isto existe regras a cumprir, e que estas Assistentes Sociais não podem fazer tudo aquilo que nós que estamos por fora gostaríamos que elas fizessem.

No entanto não há regra sem exceção, neste caso o mais prático seria levar os papéis a casa do Joaquim, preenche-los lá na sua presença, marcar a consulta para o médico, e na falta de transporte há prior até Assistente social o transportaria ao médico.

Mas não, esta Assistente Social, apenas deu um não redondo ao Joaquim descartando-se do assunto, como que este não lhe dissesse respeito.

Também não admira, uma vez que esta mesma senhora não visita o Joaquim há mais de um ano, nem a sua vizinha desempregada que vive com dois filhos, um já adulto desempregado e um menor de 7 anos, que sofre de bronquite julgo eu já crónica.

E no entanto, vive numa casa que chove a quase tanto dentro como fora, onde a humidade é bem visível em todas as paredes da habitação, o que não ajuda nada na saúde deste menor, a última visita da Assistente Social, foi feita em Janeiro de 2012.

Dessa data até ao momento, a Assistente Social não passou por lá uma única vez, apesar do escritório dela ficar apenas a uns três km de distância das residências destas pessoas, pouco se tem importado se eles têm de comer pelo menos uma vez por dia, se vai tudo bem com eles a respeito de saúde, nada estão para ali esquecidos num canto como que abandonados.

Eu sei que esta Assistente Social, deve de ter muitos casos como estes dois, a tratar e com que se preocupar, mas será que num ano e três meses não conseguiu arranjar meia hora para fazer uma visita a estes seres humanos, e ainda aquando estes lhe batem há porta levam com um não na cara.

Quando nós sabemos, e aqui sim temos a certeza que esta e outras Assistentes Sociais favorecem, outras famílias com menos precisão do que estas que eu aqui menciono.
Quanto ao transporte, eu também tenho a certeza que ele existe, e que no dia em que o Joaquim pediu há Assistente Social havia carro e lugar vago para o poder transportar, só o não fizeram, porque assim não lhe apeteceu à senhora Assistente Social.

Outro caso que me chocou é uma mãe em Olhão desempregada, o marido também desempregado, e esta mãe já sem outros recursos para poder alimentar o filho deixou de comer para dar ao seu filho.
O pior de tudo isto, foi a falta de apoio por uma Instituição Solidária de Olhão, que lhe dava apoio até há um mês atrás, mas segundo uma nova avaliação lhe cortou o dito apoio. A desculpa para esse corte de apoio dessa mesma Instituição foi que havia pessoas em maiores dificuldades.

Honestamente, eu não conheço este caso, mas ao ler esta notícia ponho-me a imaginar qual será as maiores dificuldades que os responsáveis dessa Instituição encontram, para lá de uma mãe deixar de se alimentar para dar de comer ao filho.

E que segundo o relato da mesma, o próprio pai, já tem ido trabalhar (fazer biscastes) com o estomago vazio durante todo o dia.
Eu sinceramente, e mais uma vez me repito, eu não compreendo os critérios de avaliação destes responsáveis pela ajuda às pessoas mais carenciadas.

Ou será, que por irem visitar (aquelas que vão visitar) uma vez por ano ou por mês, estas famílias e por um mero acaso encontrarem um frigorífico mais ou menos carregado com géneros alimentícios, que estas famílias já não precisam de ajuda.

Será que esses dirigentes, julgam que a comida que por acaso possam ter encontrado nessa visita nesse frigorífico dura um, dois ou três meses, ao ponto destes cortarem-lhes o apoio.
Na verdade eu não percebo, entender até entendo agora perceber isso é que não.

Para eu poder perceber, tinha que ter o poder de trocar os papéis colocar esses dirigentes e Assistentes Sociais a viver com o orçamento de 180€ por mês, a caminhar com mobilidade reduzida, sem outro meio que não o de andar a pé, e levarem 3 horas para percorrerem 3 km.
Só depois de eu ver como é que estes senhores /as se desenrascavam, e depois de eu poder avaliar os seus casos é que realmente eu talvez conseguisse perceber aquilo que neste momento entendo mas que não percebo.

 

Crónica de Júlio Silva
A opinião de Júlio Silva