Os melhores álbuns de 2013 – Parte 1 – Bruno Neves

E como quem não quer a coisa já chegámos à penúltima crónica de 2013! A crónica de hoje será uma retrospectiva musical do ano que está tão perto de nos deixar. O objectivo é eleger os melhores discos do ano (tanto nacionais como estrangeiros), mas sem elaborar uma ordem específica: cada leitor fará o seu top consoante os seus gostos e preferências. Para esta tarefa verdadeiramente hercúlea pedi ajuda a um bom amigo meu, entendido nestas lides da música. Dêem as boas-vindas ao fantástico e mui talentoso Gonçalo Matos!

Daft Punk – Random Access Memories

Este foi, sem sombra de dúvida, o álbum mais aguardado do ano. O resultado foi um disco coeso, bem escrito e cuidadosamente estruturado para ser uma experiência que compensa escutar do início ao fim (algo cada vez mais raro nos dias de hoje). Tudo aqui é perfeito: o tom festivo (com a guitarra inconfundivelmente melodiosa e funk de Nile Rodgers) de “Give life back to music”; os suaves pratos da bateria e a toada mais soul de “The game of love”; as palavras encorajadoras de Moroder que nos guiam pela sua carreira assim como a melodia do sintetizador em constante crescimento ao longo de nove minutos de pura criatividade e emoção em “Giorgio by Moroder”; o pendor intimista e romântico da voz de Casablancas em “Instant Crush”; o falsete, o groove da guitarra alada de Niles Rodgers e o constante “Come On” de “Lose Yourself to Dance”; e obviamente “Get Lucky” (como seria possível esquecer-me daquela que é, indiscutivelmente, a música do ano?) a música deste álbum que via ficar na história. Um álbum para ouvir vezes sem conta e para redescobrir a cada nova escuta.

Eminem “The Marshall Mathers LP 2”

Após 13 anos do primeiro “The Marshall Mathers LP”, chega “The Marshall Mathers LP 2” e dá vontade de dizer sê bem-vindo outra vez Slim Shady! Contudo reduzir este álbum a um alter-ego pode ser um erro que se paga caro. Com várias colaborações (algumas mais esperadas, Rihanna, Kendrick Lamar, e outras talvez menos, Sia e Jamie N Commons), vem tarde demais para os grammys deste ano mas estará provavelmente nos de 2015 e com todo o mérito.

Pedro Abrunhosa – Contramão

Pedro Abrunhosa está naquela fase da carreira em que poderia muito bem viver apenas dos êxitos que foi coleccionando, lançando apenas colectâneas e álbuns ao vivo. Felizmente o seu espírito guerreiro e a busca constante pela perfeição fizeram-no editar um novo álbum de originais. São onze temas do mais genial que Abrunhosa já criou. Os singles “Toma conta de mim” e “Voámos em contramão” auguravam um grande álbum, algo que se confirmou no início de Dezembro quando o cd chegou finalmente às bancas. “Para os braços da minha mãe” (faixa onde é acompanhado pelo também ele maravilhoso Camané), “A.M.O.R”, “Todos lá para trás” ou “Já morremos mil vezes” são músicas absolutamente imperdíveis. Não percam este regresso em grande do inimitável Pedro Abrunhosa!

Imagine Dragons – “Night Visions”

Talvez uma das bandas com mais airplay dos últimos tempos, e merecidamente diga-se, saltaram para o estrelato à 1ª tentativa com “Night Visions”. Dando enfase à bateria e numa letra cuidada com forte significado, é quase possível organizar o álbum sentimentalmente numa ascensão até ao “Top Of The World”. Passaram por Lisboa em Junho e por cá passarão novamente em Julho de 2014.

John Newman – Tribute

Ignorem o fio de ouro e a brilhantina porque John Newman é, com toda a certeza, um nome a ter debaixo de olho nos próximos tempos. O cantor britânico de 23 anos (bolas, como pode ele ser tão genial aos 23 anos?) tornou-se conhecido ao lado do quarteto londrino Rudimental nos aclamados singles  “Feel The Love” e “Not Giving In”. “Love Me Again” foi a primeira amostra do seu cd e rapidamente começou a tocar em todas as rádios deixando-nos viciados e ao mesmo tempo desejosos que o resto do álbum fosse tão bom quanto o primeiro single. Desde Outubro (data de lançamento do álbum) que andamos todos viciados não só no primeiro single mas também em “Losing Sleep”, “Try”, “Cheating”, “Easy” e ainda “All I need is you”. Definitivamente um dos melhores álbuns do ano e um nome que será gigantesco muito em breve.

King of Leon – “Mechanical Bull”

Pode-se dizer que valeu a espera. 3 anos passados de “Come Around Sundown” chegou em Setembro o sucessor, o 6º álbum de estúdio. “Mechanical Bull” demonstra uma continuação do afastamento do registo dos primeiros discos mas nem por isso deixa de ser um excelente disco. Nomeado para melhor álbum de rock nos grammys de 2014, é mais um selo de qualidade que a banda nos tem habituado.

Artic Monkeys – AM

Os rapazes cresceram e a sonoridade acompanhou-lhes os passos, tornou-se mais lenta, mais pesada, menos urgente. Podemos dividir AM (nome inspirado no icónico VU dos Velvet Underground) em duas partes: a primeira é mais pesada e está recheada de guitarras e riffs e por sua vez a segunda é mais experimental. Deste álbum não pode perder “Do I Wanna Know?”, “Why’d you only call me when you’re high” e “I Wanna be yours”. Este é, definitivamente, um dos melhores álbuns da sua carreira.

Linda Martini – “Turbo Lento”

Que ano para esta banda portuguesa! Comemoração de 10 anos de carreira, um concerto no palco principal do Optimus Alive e a edição do disco “Turbo Lento”. Recheado de poderosos solos de guitarra e bateria (quase sempre a marcar o compasso), possui na letra (ou poesia?)/voz de André Henriques a sua grande valia.

Pearl Jam – Lightning Bolt

Cada álbum novo desta banda histórica de Seattle é um acontecimento e  “Lightning Bolt” não foi excepção. À excepção do baterista Matt Cameron, que está no grupo “apenas” desde 1998, todos os músicos criaram canções para este décimo trabalho de estúdio. Existe no disco uma continuidade em relação a “Backspacer , que em 2009 trouxe aos norte-americanos uma nova notoriedade junto do público mais jovem. Podemos dizer que este é um novo capítulo na vida adulta e estável dos Pearl Jam. Deste álbum não pode perder o tema título, mas também “Getaway”, “Mind your Manners”, “My father’s Son”, “Sirens” e ainda “Sleeping by Myself”.

Queens Of The Stone Age – “… Like Clockwork”

2 anos após o álbum homónimo, “… Like Clockwork”, na voz de Josh Homme, apresenta ora um rock mais “agressivo” como em “I Sat By The Ocean” ou um rock mais calmo e sedutor, “The Vampyre Of Time and Memory”. Conseguirá o disco produzir clássicos como “Go with the flow” ou “No one Knows”? Para já têm três nomeações para os grammys (incluindo melhor álbum rock e melhor performance rock) e a bela:

E assim fica concluída a primeira parte dos melhores álbuns deste ano que está tão perto de terminar. Na próxima semana não pode perder os restantes dez eleitos por mim e pelo Gonçalo Matos como os melhores de 2013. Por falar no Gonçalo, nunca é demais agradecer-lhe pelo contributo fundamental para este texto. Dêem-lhe carinho que ele gosta, e porque no Natal até parece mal não dar carinho a quem nos rodeia.

Boa semana.
Boas leituras.

Esta crónica teve a co-autoria de Gonçalo Matos

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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