Os Motéis e o confinamento

Estou solidária com todos os cidadãos portugueses, especialmente os portugueses que tanto praticam o amor, que não prescindem de tudo o que de bom o amor implica, mesmo em confinamento, em estado de emergência, em tempo de pandemia, em período de guerra.

Vamos examinar primeiramente as regras impostas pelo governo, retifico, as muitas e variadas exceções, elaborando uma análise comparativa ao que se considera prioritário e ao que é temido a postergação. Se uma igreja pode permanecer aberta, um motel também, em ambos se reza e se apela a Deus. Supermercados e mercearias vendem bens de primeira necessidade, pois os motéis também, não me refiro ao arroz nem ao pão…proibida a circulação de pessoas em espaços públicos de lazer, o motel é de lazer sim, mas é entre quatro paredes. Obviamente que existem normas da DGS impossíveis de cumprir num motel, nomeadamente os dois metros de distância, exceto se for sexo telepático ou sexo online, e o uso da máscara, pode-se e deve-se usar outro tipo de máscaras, enumero algumas: Cabedal, látex, borracha, couro, veneziana e de pónei, convém salientar que estas não protegem do vírus.

Se for marido e mulher, não há qualquer problema, ficam por casa, no mesmo local de sempre, na cama de todos os santos dias, uma rapidinha 1,2,3 em total silêncio, aproveitando o entretenimento dos miúdos com os jogos e com os telemóveis no quarto ao lado. O marido fica todo bem disposto, finalmente as dores de cabeça da Maria passaram e o homem até faz o jantar tal é a boa disposição. O mesmo não se pode dizer da esposa, a Maria, cujas dores de cabeça são mera invenção ou pequena mentira ( chamem como quiserem ) de uma mulher cujo frete ultrapassou em larga escala o prazer sexual.

O Doutor Engenheiro dos escritórios da rua de cima é que já não está a achar grande piada ao Costa, comentava até com os seu compinchas engenheiros que o Costa lhe tinha tramado a vida. Ele e a esposa em teletrabalho, 24 horas juntos, ora toda a gente sabe que para um casamento correr bem o casal deve se ver pouco e falar ainda menos. O Senhor Doutor andava metido com a sua fiel secretária a quem já tinha prometido mundos e fundos, nem podia ser de outra forma, 25 anos, loira, carnuda, tudo tenrinho, bastante exigente ( ao contrário da esposa que nunca exigiu nada, bendita senhora ), o Engenheiro estava a ver-se à rasca para justificar as permanentes saídas de casa e conseguir encontrar o amor da sua fiel loira num quarto de motel.

Outro exemplo não menos importante é a proibição de circulação entre concelhos ao fim de semana, ora um casal de namorados, cheios de vontade de exprimir a sua paixão num quarto de um motel a um Sábado à noite, como resolvem o problema? “Nem ata nem desata”, “chove mas não molha”.

Após cinco exaustivos parágrafos cujo objetivo não foi de forma alguma desanimar os leitores e sem querer validar falsa informação, fiz vários telefonemas para colegas que usufruem dos serviços dos motéis com bastante frequência, portanto, fonte fidedigna, foi-me dito que afinal os motéis permanecem abertos. Podem respirar de alivio. Podem rir de contentamento. Podem usufruir do que ainda é vosso por direito. Tirem tudo ao povo menos o sexo e a dignidade. Deus vos abençoe.