Os motivos da Paternidade

Ora viva!
Muitos são os motivos que levam um homem a enveredar pelo incrível mundo da paternidade. Há quem decida ser pai porque sempre assim o desejou. Outros porque acham que está na altura, pois sentem que falta algo na relação. E outros ainda porque pura e simplesmente o preservativo se rompeu ou a pílula não cumpriu a devida função. Feliz (ou infelizmente) o meu caso não é nenhum dos acima mencionados. Eu enveredei por este caminho por causa da forretice… Confuso?! Então eu  explico…

«Corria o ano de 1995… Já se começavam a notar os efeitos da puberdade no meu corpo. A curiosidade pelo sexo oposto despertava em mim. Um belo dia, enquanto toda a minha família estava na sala, eu e a minha prima…»

(Ups, peço desculpa, história errada!)

«Corria o ano de 2014… Eu, como tipo arrumadinho que sou, decidi ir arquivar toda a papelada que tinha vindo a amontoar-se, em cima secretária, desde o início do ano. Facturas da luz para aqui, da água para além, do gás para acoli e da NOS para acolém. Eis que de repente me deparei com uma factura da farmácia:

“Rastapartex” (o nome não era bem esse, mas isso agora também não interessa para a história) €11.09 + 23% iva = €13.43.
«Epá, que raio de porcaria será esta? É bem cara e nem sequer dá para pôr no IRS. Bom… Paciência, vai fora!» – pensei eu para com os meus botões.

Mais uma factura da luz, outra da água, outra do gás, uma do dentista, e outra da farmácia: “Rastapartex”, mais €13.43. Curioso com toda esta situação, comecei a vasculhar todas as facturas em busca do malfadado medicamento. E não é que todos os meses a minha mulher comprava aquela porcaria? O que raio seria “Rastapartex”? (Volto a frisar, o nome do medicamento não é este! Pura e simplesmente não me lembro do nome em questão. E prefiro nem sequer ir perguntar nada à minha esposa, sob pena de ela me proibir de publicar isto…)

Já estávamos nós em Setembro e só em “Rastapartex” já eu tinha gasto mais de €100! Não podia ser… Prometi a mim mesmo que, independentemente de que medicamento fosse, isto teria de acabar. Se o “Rastapartex” não tinha surtido qualquer efeito em tantos meses, não seria agora que iria começar a funcionar! Recusava-me terminantemente a comprar mais “Rastapartex”! Enchi-me de coragem (e aqui fica um conselho para todos os homens de Portugal. Sempre que quiserem confrontar as vossas esposas com alguma coisa encham-se de coragem primeiro. Ou de vinho. Uma das duas.  Mas encham-se de qualquer coisa primeiro!) E disse-lhe: «MOÔOR!?! Não sei que porcarias é que tu andas a tomar, mas a partir de agora acabou-se o “Rastapartex”!», ao que ela simpaticamente me respondeu: «Ok amor. Fica combinado. A partir de hoje não tomo mais!»

Inicialmente fiquei contente comigo próprio. Tinha conseguido tomar uma decisão, informado a minha esposa da mesma e conseguido que ela a aceitasse sem sequer discutir comigo. Finalmente eu era o Macho Alfa da relação! Agora é que ia ser… Eu dizia e ela aceitava. Eu mandava e ela obedecia… Ai que bom! Acabaram-se os dias das tarefas conjuntas. Os dias de eu cozinho e tu lavas. Eu aspiro e tu limpas o pó. A partir de agora seria sempre, eu vejo a bola e tu fazes o jantar. (Ah! E de preferência em lingerie…) Decididamente a decisão que tinha acabado de tomar, acerca do “Rastapartex”, iria mudar para sempre a minha vida!

Mas algo estranho se passava… A alegria que ela demonstrou ao ouvir tais palavras parecia-me suspeita. Desde quando é que eu lhe dizia que não podia comprar algo e ela ficava feliz? Aliás?! Desde quando é que uma mulher fica feliz por não poder comprar alguma coisa?! Estranho… Muito estranho! E foi aí que a realidade me atingiu em cheio, como um pontapé nos “tintins”

– «Ó mor… O “Rastapartex” é a pílula, não é?!»
– «É sim, fofinho… Mas não te preocupes, já joguei tudo fora. A partir de hoje começamos a tentar fazer o nosso bebé!»
– «Raios!!»

(Continua… Que é como quem diz: “Não perca o próximo episódio, porque nós… Também não!”)