Os números PORNOGRÁFICOS deste governo (e as suas consequências):

No dia em que está a ler esta crónica cerca de 12mil pessoas perdem apoios financeiros do Estado, sejam eles desempregados, sendo os beneficiários do RSI (rendimento social de inserção) e por exemplo os deficientes que sempre tiveram apoios do Estado e que todos os dias perdem o direito à sua dignidade com esta política de cortes, cortes e mais cortes.

Chocado? Leia bem agora, num ano: menos 28mil benificiários de apoio ao desemprego, o que dá em números brutos cerca de 440mil desempregados ficam completamente ‘desapoiados’ pelo Estado. Como se não bastasse estes cortes, este mesmo governo avança agora que quer facilitar o despedimento sem justa causa aos patrões com a diminuição das indeminizações. Palavras para quê?

A semana passada, passou despercebido, mas Passos Coelho disse, relativamente ao caracter permanente dos cortes, “Há uma diferença entre vestir uma cinta e comprimir as despesas ou realmente emagrecer o Estado”. Grave. Estão diariamente a pregar pregos no caixão em que enfiaram as maiores gorduras que o nosso Estado tinha, os próprios portugueses, e tinham dito, vamos fechar por uns tempos a tampa mas não ficam sem ar, prometemos disseram eles.

Na mesma semana, vimos a maior manifestação de sempre em Portugal das forças policiais, cerca de 30% da classe profissional em causa esteve nas ruas, subiu as escadas do parlamento, uns degraus a menos do que deveria ter feito mas subiu. E agora vemos os mesmos profissionais a serem identificados através de filmagens da própria polícia com o intuito de punir os colegas que não estivessem a trabalhar na mesma fase.

Por tudo isto e muito, muito mais, a notícia que mais me chocou esta semana foi que só 14% dos Portugueses estão satisfeitos com a sua democracia. Isto é uma bomba relógio, um verdadeiro barri de pólvora, se não fossemos um país de poetas por certo que os 86% que estão descontentes já se teriam feito ouvir. Estas estatísticas demonstram e indiciam o perigo que as políticas neoliberais podem ter numa nação, podem mesmo abalar as estruturas democráticas e a confiança das pessoas na própria democracia, o que pode levar a que esta acabe ou fique trucidada.

Mais números, provavelmente tão ou mais preocupantes que os anteriores, apenas cerca de 36% dos portugueses consideram que pertencer à União Europeia é algo bom. A Europa dia para dia mostra que é cada vez mais um projeto falhado. Tal como esta direita e ideologia rocambolesca de violação constante de Estado de Direito que foge do diálogo constantemente.

Números menos preocupantes são estes, 72% dos portugueses acham que a pobreza e exclusão social devem ser a prioridade da União Europeia, ou seja da discussão das instituições europeias. O problema é que essas mesmas instituições europeias estão minadas de políticos de direita e que pretende levar ao radicalismo teorias vencidas catastróficas. O povo fala a democracia deveria responder mas na verdade o povo fala a Europa abafa.

Estamos no mau caminho, não no bom.

Artigo de João Campos