Os voos humanitários é que podiam salvar a TAP

Anda a nossa companhia aérea há tanto tempo a precisar duma injecção (não, não é da sobra de nenhuma vacina) de capital e afinal já podia ter-se dedicado com fins lucrativos, ao repatriamento de cidadão portugueses que vivem por esse mundo afora, sem dinheiro na carteira mas cheiinhos de vontade de regressar a casa.

Já os nossos governantes poderiam ter tido esta miraculosa ideia, a dos voos humanitários pagos, e evitar-se-ia ter gastado tanta saliva, com o perigo de libertar perdigotos para a atmosfera, discutindo quem é a favor ou contra … e se sim, se não, se é enterrar ou não o dinheiro dos contribuintes, transferir dinheiro do orçamento de Estado para o capital social da empresa.

Repatriar cidadãos nacionais, sejam naturais de cá ou não, é dinheiro (e muito!) em caixa. As pessoas pagam e não bufam, … bufam um pouco mas passa, passa logo que veem afastar-se o repórter de televisão que cobriu a chegada no aeroporto, e ala para casa, que se faz tarde, tarde para tomar um banhinho e na melhor companhia assistir no noticiário das 8 à reportagem duma tragédia perante a qual, a de perder dinheiro faz com que se sinta feliz quem conclui afinal que o pior acontece sempre aos outros.

Tragam-se esses cidadãos mas não todos de uma vez. Façam-nos esperar, um mês ou mais. Deem-lhes tempo: aos mais velhos de sentirem o desespero do abandono por parte das autoridades nacionais, aos mais novos de conhecerem e se apaixonarem por alguém que queiram de trazer e nesse caso o preço da viagem sobe para o dobro ou para o triplo se juntarem um familiar que lá por muito que se esforce não consegue arranjar trabalho.

Sim, porque por cá os voos são humanitários são pagos e como, pelos que se tem visto, as autoridades portuguesas são de aprender com os erros, é natural que da próxima vez não embarque ninguém que possa em tom de crítica à comunicação social chamar a atenção para o facto.

Importa lembrar que agir com humanidade é de modo desinteressado, e voos humanitários são gratuitos, não acontecem mediante um preço mas uma necessidade premente, e ensinar aos governantes o significado da palavra humanidade, porque o de voo, esse infelizmente já sabem, tão habituados que estão a fazer-nos voar o dinheiro da carteira.

A estes que chegaram há dias, acresce ao preço duma viagem que já estava paga, o custo de uma estadia prolongada no Brasil, que se arrastou um mês para lá do previsto. E se não puderam viajar antes, a culpa foi do confinamento imposto pelo Governo.

Desendivide-se a TAP mas não à custa do endividamento alheio, nem de voos humanitários pagos a preço de oiro. Que me lembre é a segunda experiência trabalho humanitário pago em Portugal. A outra é dos funcionários ajudantes de ação direta nos lares de idosos, que na pior fase da pandemia tiveram de servir de médicos e enfermeiros dos utentes, durante semanas sem poder ir a casa, e tudo a troco do mísero salário mínimo nacional.