Óscares 2020 – Marriage Story

No Domingo passado foi a 92.ª Cerimonia de entrega dos Óscares 2020, a cerimonia foi realizada no teatro Dolby em Los Angeles, Califórnia. Uma cerimonia que ficará para a historia, pelos vencedores – estatueta para melhor filme ” Parasita “, o primeiro filme em língua estrangeira a ganhar a estatueta, e pelos vencidos ” O Irlandês” considerado um dos favoritos não ganhou nenhum oscar das suas dez nomeações.

Reza a lenda cinematográfica que entre vencidos escapam às estatuetas filmes especialmente mágicos, concebidos para fascinar o leitor de tal forma que a tela se torna inesquecível, como o filme de que vos escrevo: Marriage Story.

Sou suspeita no meu favoritismo: filmes de intenso drama, romances memoráveis, realizadores estupidamente geniais, atores que despertam em nós o paradoxo dos sentimentos.

Vi o Marriage Story depois de ler uma crítica no facebook, a curiosidade matei alguns dias depois…o filme inicia com um monólogo emocionalmente devastador “…o que eu mais gosto no Charlie é…” as lágrimas começam a cair piedosamente, é impossível não absorver o sofrimento daqueles dois seres humanos que estão a passar pela fase difícil de um casal que é o divórcio. Ter a vida conectada a outra pessoa, vivermos para ela e com ela e, alguns longos anos depois, percebemos que já não somos nós próprias, que só ficou a parte que encaixa melhor no companheiro, esquecemos completamente quem éramos e o que realmente queríamos da vida, parece-vos familiar leitores? Pois…a ficção a produzir minuciosamente a realidade da vida a dois.

Com um elenco que encaixou na perfeição ao argumento de Noah Baumbach, Scarlett Johansson, Adam DriverLaura Dern dão vida aos problemas existenciais de um casal em pleno divórcio, o enredo vai intensificando ao longo da película, com uma critica feroz sobre o antagonismo das leis do divórcio nos diferentes estados da América.

A crítica foi bastante positiva, o filme original da Netflix ( ainda não percebi porque embirram tanto com o serviço streaming mas vou deixar esse tema para outra crónica ), líder das nomeações dos Globos de Ouro, arrecadou vários prémios como Óscar de melhor actriz secundária para Laura Dern, AACTA International Award para melhor actor Adam Driver, Scarlett Johansson de melhor actriz pelo Satellitte Award e ainda melhor filme pela Gotham Independent Film Awards.

O filme é uma obra prima sobre o amor, a maternidade, o casamento, a mulher e o homem com todas as suas características e falhas, o ressentimento e a mágoa, a dúvida e o perdão magistralmente realizado de forma crua que deixa todas as emoções à vista, as dos actores e as nossas também. Com diversas cenas fortíssimas que nos fazem sentir pequenos demais – quando os dois estão em tribunal, algo que ambos concordaram em não fazer no início, olham um para o outro, envergonhados, massacrados, agoniados – a parte triste do amor.

O que fica depois de um divórcio? Quantas lágrimas choras e quantas palavras deixas no silêncio? O amor nunca acaba mas, por vezes, já não faz mais sentido.

” Apaixonei-me dois segundos depois de o ver. E nunca vou deixar de o amar, apesar de não fazer mais sentido. “