Outra vez Dia dos Namorados? Nããããooo…

Ora então parece que não tarda nada estamos outra vez no Dia dos Namorados, não é verdade?! Pois… Parece que é. Que chatice…

«O quê, Gil? Estás-nos a dizer que um tipo espectacular, como tu, não gosta do dia dos namorados?!» Sim, é verdade… Lamento desiludir todas minhas fãs mas eu descurto à brava o dia de São Valentim… Este dia só serve para dar despesas, causar transtornos e provocar uma enorme frustração num gajo. E, se não acredita em mim, preste bem atenção na pequena história que lhe trago hoje…

Eis que chega dia 14 de Fevereiro… Um tipo esquece-se que é Dia dos Namorados, chega a casa completamente derreado do trabalho e sem prenda para a cara-metade…

– Sabes que dia é hoje?

– Sábado.

– Não, não, o dia!

– Dia…14?! Sim, 14 de Fevereiro. Porquê? Alguém faz anos?

– Fazemos nós, António João! Faz o nosso amor! Hoje é dia dos namorados, meu menino…

– Ah Raios…

– Esqueceste-te, não foi? Não tens prenda para mim, não é?! És sempre o mesmo… Sabias que o Pedro deu um anel à Joana? E sabias também que o Nuno vai levar a Marisa a jantar no Casino? E já agora, sabes onde é que está a Teresa? Sabes?! Em Paris… O Rui ofereceu-lhe um fim-de-semana romântico por lá!

O António João, com uma grande raiva a crescer dentro dele, teve de se conter para não responder à sua querida namorada: “E ENTÃO?! Sabes porque é que o Rui, o Pedro e o Nuno fizeram isso? Sabes?! Porque eles têm umas namoradas espectaculares e não uma chata como tu!! DESAMPARA-ME A LOJA, PÁ!” Na realidade o que saiu da boca dele foi: “Desculpa fofinha. Tens toda a razão, deixa-me só tomar um banho, mudar de roupa, num instantinho, e vamos já ali jantar fora.”

(Algo que, garantidamente, iria acabar por correr mal…)

«Eu não sei se o leitor já alguma vez tentou ir jantar fora no Dia dos Namorados. Ou melhor. Se já alguma vez tentou ir jantar fora, neste dia, sem reserva? É espectacular… Restaurantes à pinha. Filas e filas de gente à espera. Quanto mais romântico for o restaurante pior é a fila.

Quando chega a nossa vez de sermos atendidos. Os pratos têm sempre nomes estranhos: “Secretos do amor”; “Gambas à lá Tentação”; “Souflé malandro e apaixonado”; “Espetadas de ternura”… Mas o que é isto, pá?! Eu quero um bitoque sff. Ou então arranjem-me um courato e uma imperial que fico feliz!

Por outro lado e, se por ventura até marcámos uma mesa, sentamo-nos, pedimos e quando tudo parece estar a correr bem acaba por correr mal na mesma. Ou porque tempo de espera pelo jantar é brutal. Ou porque o prato, está frio, sem sabor, ou mal servido. Ou então porque, pura e simplesmente, depois de comermos ficamos decepcionados com o que acabámos de provar (agora que penso bem, isto deve ser mais ou menos aquilo que acontece quando decidimos esperar pela noite de núpcias, para praticar o Amorrrr pela primeira vez…)»

Mas continuando… Eis que o António João e sua namorada finalmente acabam de jantar. A hora já vai avançada e ela pensa: “Olha porreiro, porreiro, era irmos ao cinema. A sessão das 21h já não dá mas podíamos esperar pela da 00h00. Ao fim ao cabo já são 22h30, não falta assim tanto tempo quanto isso.”

Ó que engano… Pobre António. Os 90 minutos que se seguiram, a esta conversa, foram passados num entra e sai das lojas sem dó nem piedade. Conclusão, assim que entrou para o ver o filme só tinha era vontade de fechar os olhos. O que pensando bem até não era mau, o filme tinha sido escolhido por ela e comédias românticas não eram bem a onda dele.

Eis que termina o filme. São 2h da manhã e a noite ainda é uma criança… Aquelas 2h a dormir, durante o filme, fizeram maravilhas. Sentia-se revigorado, cheio de pica. “Vamos à discoteca?” Não! Ela estava cansada… “Vamos a um bar beber um copo?” Também não, ela tinha fome e não lhe estava a apetecer terminar a noite de S. Valentim, numa rolote a beira da estrada, a comer uma bifana gordurosa. Talvez o melhor mesmo fosse irem para casa. Assim ela sempre comia qualquer coisa de jeito e ele tentava a sua sorte. (Ao fim ao cabo era Dia dos Namorados e o rapaz tinha-se esforçado, caramba!)

Já no aconchego do lar, ambos petiscam qualquer coisa. Ele faz uns avanços, ela pede para ir ao WC primeiro e ele acede. António João aproveita que ela foi ao W.C. para preparar tudo para a sessão de sexo louco e selvagem que se avizinhava… Veste uns boxers tigress, põe o Barry White a tocar, acende umas velas, desfaz a rosa que comprou ao monhé durante o jantar (para se redimir do facto de não lhe ter comprado prenda) coloca-se em cima da cama e… E…. E nada. O raio da mulher não sai da casa de banho. “Ó que caraças… O que se passará agora?!”

Passados 30m já as velas se apagaram, a música havia repetido mais de 100 vezes  “Let’s make love tonight”, e ele decidiu vestir o pijama (um pequeno aparte: os pijamas são a peça de roupa menos sexy do mundo. Quem inventou tal coisa deve ter morrido virgem. Quentinho. Mas virgem…) e lá foi bater à porta do W.C…

“Amoreee… Estás bem?!” – António João fez a pergunta com uma réstia de esperança que a resposta fosse sim! Que ela apenas se estivesse a “refrescar” para ele. Mas a dura realidade acertou-lhe em cheio como uma seta do cupido nos tintins.

“Nãããõoo… Estou mal disposta… Acho que foi o camarão do jantar… Estou a vomitar!” – E pronto, assim se exterminava toda e qualquer hipótese de forrobó nessa noite.

Apenas havia uma coisa a fazer. António João tinha de arregaçar as mangas, entrar por aquele W.C. a dentro, e segurar nos lindos cabelos da sua amada enquanto lhe dizia: “Está tudo bem querida… Não faz mal. Amanhã é outro dia!”

“Se alguma coisa pode correr mal, correrá certamente. E da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.”

Edward A. Murphy

Até para a semana pessoal! Espero que tenham um Feliz Dia dos Namorados!