O paciente – capitulo 3

Se Olá João, como está? Respondi num tom de quem não sabia bem o que dizer.

Estou surpreendido por vê-la aqui Ana. Pensava que as Doutoras eram uma espécie de virgens imaculadas.

– E qual o motivo de tal pensamento? (palhaço) pensei.

Ah, sei lá, pensava que, devido à sua profissão não podia sair à noite, beber, conhecer pessoas interessantes…assim esse tipo de coisas, afinal tem de estar cem por cento concentrada nos seus pacientes.

Suspirei e quando me preparava para responder, ele colocou um dedo junto dos meus labios como se estivesse a pedir para eu não responder e perguntou:

Posso convida-la para tomar um copo? Ou há um protocolo da treta que impede de sair com os seus clientes?

Sorri, surpreendida com tal gesto. Pode uma grande distancia entre duas pessoas que mal se conhecem, tornar-se tão próxima em segundos apenas com um dedo de uma mão?

Eu não estou a sair consigo, só vou tomar um copo. Consegui assim desconversar o que era óbvio: não podíamos ter qualquer contacto com os nossos pacientes fora do consultório medico. Fiz um sinal à Rute e avancei com o João para uma mesa do canto do bar.

Sentamos-nos e olhamos um para o outro…sim tenho de admitir que estava um clima tenso…eu e ele…desde o primeiro momento que entrou no meu consultório…que se passa comigo? Estarei assim tão carente que tenho de me sentar numa mesa de bar com um paciente? Ainda por cima não fecha bem a mala de todo! Não há mais gajos por aí? Os meus pensamentos foram interrompidos.

Ana, que bebe?

– Vodka limão com gelo, duas pedras.

– O mesmo para mim. Então Ana conte-me algo sobre si. Houve algum motivo especial para se encontrar com as suas amigas? Algum aniversario?

– Não, só uma saída entre amigas, beber um copo, dançar um pouco talvez…

Bebi a vodka enquanto conversávamos sobre temas banais, sempre com o você a ecoar nos meus ouvidos. Senti a vodka a fazer efeito, se já me sentia quente o suficiente, a bebida veio acentuar ainda mais a minha carência.

Vou à casa-de-banho, com licença. Não consigo lidar com isto, sinto-me estranha, vou-me embora, pensei eu.

Tenho de ir embora, já está um pouco tarde para mim.

Ok, precisa de boleia?

– Não, obrigada. Eu vou apanhar um táxi.

Enquanto nos dirigíamos para a rua em frente, onde estavam estacionados a maioria dos carros, inclusive o dele, o paciente insistiu para me levar a casa.

Não é necessário obrigada. Foi um serão agradável, obrigada pela gentileza. Sorri e despedi-me com um simples Boa noite.

Ana?

– Sim? 

Ele agarra-me, encosta-me contra o seu carro e beija-me. Eu não ofereci resistência, precisava daquele beijo mais do que qualquer coisa neste momento. Puxou-me o cabelo para trás, beijou-me o pescoço, apertou-me o rabo contra a sua perna. Eu sentia-me completamente excitada apenas com aquele toque, os beijos deliciosamente molhados, com uma mistura de língua, vodka e desejo que me fariam ter um orgasmo, assim mesmo, de pé contra um carro. Não podes fazer isto, ele é teu paciente, meu subconsciente a actuar, afastei-me. Não posso João! Desculpa mas não consigo.

Ana…

Puxou-me contra ele e sussurrou-me ao ouvido: Ana, tenho de te levar para a cama…não aguento nem mais um minuto sem estar dentro de ti.

Continua