O Pai Natal não existe! Contar ou não contar?!

Ora viva!
Como vocês bem sabem (e se não sabem deviam saber) este ano nasceu a minha piquena. Como tal este Natal será diferente. Será especial! Ao fim e ao cabo dizem que o Natal é para as criancinhas. Acredito que no caso da minha cachopa não faça grande diferença, ela ainda é pequena e por isso não irá gozar o Natal em todo o seu esplendor. Quanto muito ficará feliz por ter mais colos por onde saltitar…

Nestes últimos dias tenho vindo a questionar-me sobre se deverei, ou não, contar a história do Pai Natal à moçoila. Por um lado existe a questão de ela manter o seu imaginário intacto, o que é muito bonito. Por outro, se nunca lhe criar a ilusão da existência do Pai Natal ela nunca ficará destroçada por descobrir que ele não existe. Já para não falar que saber desde bebé que o Pai Natal não existe pode vir a ser catastrófico para o seu futuro. Já estou a imaginar discussões épicas entre ela e os seus amiguinhos, de 2 ou 3 anos, em pleno infantário…

-“O Pai Natal não existe!”
-“Existe sim!”
-“Não, não existe!”
-“Existeeee… Existe infinitos vezes mil!”
-“Não existe porque o meu pai disse e ele sabe tudo do mundo…”
-“O meu é que sabe!”
-“Não sabe não. O meu é que sabe. O teu cheira a cocó!”

(Sim… Eu faço intenção de ensinar a miúda a terminar todas as discussões dizendo que o pai dos outros cheira a cocó!)

Agora falando um pouco mais a sério… Questiono-me se o facto de lhe dizer que existe um velhote de barbas brancas que todos os anos vem da Lapónia, carregado de prendas, para entregar aos meninos bem comportados, não é considerado mentir. Onde está a linha que separa a mentira da ilusão? Pai Natal? É permitido! Fada dos dentes? É permitido! Coelhinho da Páscoa?! É permitido! Então e o Casper – o fantasminha brincalhão, o Peter Pan, o Abominável Homem das Neves, o Monstro do Loch Ness e os extraterrestres (todos estes frutos da nossa imaginação) é correcto dizer às crianças que eles também existem, ou devemos iludi-los?! Não compreendo.

Muito sinceramente faz-me muito mais sentido existir um animal pré-histórico num lago da Escócia, ou uma mistura entre homem e urso a viver na sibéria, do que um velho gordo com um trenó voador, capaz de andar de chaminé em chaminé distribuindo prendas à meia-noite de dia 25 de Dezembro…

Temos ainda a questão das prendas que estão por debaixo da árvore… Se é o Pai Natal que dá os presentes como é que aquelas prendas que já lá estão foram lá parar? Quem é que comprou aqueles embrulhos? Devo dizer à gaiata que aquelas são as prendas dos “crescidos” e que as dela traz o Pai Natal?! Hum… Talvez… Não me parece má ideia. Mas para que essa mentira funcione vou ter de me vestir de Pai Natal para lhe poder entregar as prendas à meia-noite.

Bom… Talvez possa dizer-lhe que as aquelas prendas foram compradas pelos pais mas “AQUELA” prenda especial que ela tanto quer quem traz é o Pai Natal. Assim sempre era mais fácil, mas… Mas assim o Pai Natal acaba por dar prendas melhores do que as minhas. A miúda vai olhar para as outras prendas e pensar: “Pff…O meu pai é mesmo forreta. Tanto tempo a pedir-lhe uma casa de bonecas e ele dá-me roupa, pijamas e livros. Se não fosse o Pai Natal não recebia brinquedo nenhum. Gosto muito mais do Pai Natal do que do sovina do meu pai.”

Por isso malta, já decidi! Vou dizer à minha filha que… que… que… a mãe é que sabe! Se ela diz que há Pai Natal então quem sou eu para dizer o contrário. Assim a piquena fica com o imaginário intacto e quando descobrir que era tudo mentira eu posso sempre dizer-lhe: “Filha, quem te disse que o Pai Natal existia foi a tua mãe. Não eu… Eu por mim tinha-te contado a verdade! Tu sabes…”

“Ah! Ah! Pai Sofre!”

Ahhhh! Já me esquecia. Quero desejar a todos vós um excelente Natal. Cheio de prendas no sapatinho. E um 2016 super, hiper, mega, ri-fixe! E de preferência com muitos bebés. Beijos, abraços e fraldas cheias de cocó para todos.