Papa Francisco – o Papa da modernidade?

O jornal “Le Monde” promoveu uma discussão cibernáutica acerca das mudanças promovidas pelo Papa Francisco (Le Monde). Com efeito, a acção de Francisco não deixa ninguém indiferente.

Mesmo aqueles que entendem a Igreja Apostólica Católica Romana como a maior e a mais antiga “empresa” do mundo (fundada em 33 d.C.), não poderão escamotear o facto que Francisco se pronunciou de forma contudente
em relação a alguns assuntos tidos como difíceis para o Vaticano, país mais pequeno do mundo.

A tolerância para com a homossexualidade é, por ventura, a mais difícil posição a assumir pela Santa Sé e Francisco conseguiu transmitir a mensagem (correcta, a meu ver) de que os homossexuais também são “filhos de Deus”.

papa franciscoSem dúvida, este é um “corte” com a postura mais conservadora existente, ainda, no seio da Igreja de Roma, nomeadamente pela mão do brilhante teólogo e Papa emérito Bento XVI, que ainda assim nunca conseguiu lidar bem com a temática da homossexualidade, tida como pecaminosa, e que agora passa a ser um pouco mais tolerada.

Outro dossier árduo foi o de Francisco entender que os “bons católicos não devem procriar como coelhos”. O Papa assumiu esta posição de forma firme, e esta postura rompe, de facto, com séculos de história da Cúria romana, em
que sempre se defendeu a procriação sem limites, como fazendo parte da defesa da vida humana, algo que representa uma das matrizes da Igreja Católica.

Dentro de uma série de atitudes também visíveis para os media, embora menos divulgadas, incluem-se os almoços que Francisco fez na cantina do Vaticano, ao lado de normais padres e frades, deixando de lado o hábito de o Papa apenas tomar as suas refeições em aposentos tidos como sendo de “qualidade superior”. Aqui, mais uma vez, o Papa Francisco primou pela originalidade.

Francisco, apesar de ser o primeiro Papa não europeu, é contrário à teologia da libertação, um conjunto de ensinamentos e formas de viver a fé católica próprias da América Latina.

PAPA FRANCISCOArgentino de nascença, “fez as pazes” com essa facção da Igreja e retirou a punição efectuada por João Paulo II em 1984 ao sacerdote e ministro sandinista Miguel d’Escoto, que permitirá ao teólogo voltar a fazer o normal trabalho pastoral.

Apesar de ser jesuíta, Francisco conseguiu unir, de forma transversal, a Igreja Católica, desde a ala direita e mais conservadora do Vaticano, até à ala mais libertária e “esquerdista”, como é a dos teólogos da libertação.