Para quem não acredita: Ser desempregado é um full-time! – Teresa Isabel Silva

A moda de despedir pessoas veio para ficar. Aliás está tão presente na vida dos portugueses como o código postal.
O que está “in” é despedir pessoas, manda-las para o fundo desemprego, para que elas possam viver dos descontos de outras pessoas. Algumas dessas pessoas são os jovens que como eu não vão ter direito á reforma, por causa destas politicas.

As empresas decidem fechar e abrir como lhes convêm e depois disso, resta aos colaboradores irem a entrevistas de emprego.

Já na fase das entrevistas de emprego, ocorrem uma série de coisas estranhas. Além das míseras ofertas, e dos vencimentos inferiores ao valor recebido pela segurança social, só resta mesmo, ir ás entrevistas pelo prazer de conhecer pessoas novas.

Quando chegamos e somos entrevistados, percebemos logo muitas vezes que quem está a fazer a entrevista nem sabe o que está a fazer. Além disso fazem perguntas tão absurdas que nem lembram a ninguém. A minha favorita é a típica “porque é que respondeu a este anúncio”, ao que prontamente me apetece responder, “pois sabe como é… estava em casa aborrecida, e depois de ler este a único pensei mesmo cá para comigo: Quero mesmo conhecer a pessoa que escreveu este anúncio com tão pouca informação!”

Alguém grite aos entrevistadores e aos recursos humanos das empresas que uma pessoa só responde a um anúncio porque precisa de trabalhar. A meu ver, ninguém marca uma entrevista de emprego só para ir perder e fazer perder tempo.

Além disso, existe sempre a agravante dos lapsos de informação. A ordem para uma entrevista é a seguinte: manda-mos currículos, dois dias depois somos contactados para marcar uma entrevista, quem já tem alguma experiência na área faz algumas perguntas, tipo horário, vencimento, folgas, subsídios entre outros.

A pessoa do outro lado da linha mal nos sabe dar as informações, ao que eu penso, “tu é que devias estar desempregada e eu no teu lugar, fazia melhor figura e sabia o que estava a fazer”.
Para mim a cereja no topo do bolo foi a resposta “não sei” de uma funcionária quando eu lhe questionei de que empresa é que ela me estava a ligar.

Depois destas preciosidades, quando estas são ultrapassadas, seguimos para a entrevista de emprego. Deparamo-nos com novos conceitos tais como “pré-entrevista”. Solicito que alguém me explique o que é isso porque segundo o que eu aprendi, ou se entrevista ou não se entrevista. Cá para mim esta história das pré-entrevistas só serve mesmo para que as pessoas conheçam toda a gente da empresa mesmo antes de começarem a trabalhar.

Superadas as pré-entrevista segue-se a aventura da apresentação das condições de trabalho. Quando são trabalhos que sobrevivem das comissões os entrevistadores só sabem falar dos valores aliciantes das comissões. As palavras espectaculares e únicas são o mote nestas entrevistas.

Alguém por favor avise estes entrevistadores, que muitas das pessoas que vão a entrevistas para a área comercial, são comerciais, logo o paleio de comercial não cola assim tão fácil.
Falam das comissões e quando chega a hora a verdade, reparamos que o valor do vencimento base decresceu, a crise fez com que os descontos aumentassem em horas?! Ou serei eu que estarei ouvir mal?! Os subsídios já estão incluídos no valor do ordenado base, e as folgas, passam de plural para singular.

Neste momento eu levanto-me a e retiro-me da entrevista. A questão que fica na minha mente é: Será que estou maluca?! Será que estou a ficar surda?! Ou pior ainda, porque sinceramente preferia estar maluca a ter que aceitar, que infelizmente este é o país que temos!