Paraíso dos glúteos – Maria João Costa

(Antes de começar a ler este artigo, peço que tenham presente a imagem da estação de metro Baixa-Chiado, em Lisboa. Pronto, agora já podem continuar.)

Talvez nunca tenham pensado muito no assunto, mas as escadas rolantes, pode ocupar mais de metade de uma página. É um tema, que se pensarmos bem, tem pano para mangas, ou para pernas.

As escadas rolantes não foram inventadas com o objectivo de serem o paraíso de muitos glúteos, nem passerelle para sessões fotográfica (a não ser que sejam chineses, que até tiram fotografias à calçada); parece que é difícil de perceber que o objectivo único é fazer com que os glúteos cheguem mais depressa ao destino. E tudo funciona como uma auto-estrada: o lado direito para os condutores de fim-de-semana, e a via da esquerda para os que adormecem de manhã e andam com o relógio atrasado o dia todo.


Mas há quem tenha reprovado no exame de código, e ocupa a via da esquerda como se tivesse toda a legitimidade para o fazer, e claro, ouve “buzinadelas”. É assim muito complicado de perceber que se não querem levar os glúteos para o calvário (fazer zoom na imagem da estação Baixa-Chiado), “arrumem-se” e não “estorvem” quem usa a escadas rolantes para andar mais depressa, e não para retocar maquilhagem só para ficar com menos olheiras na fotografia do chinês.

Não, as passadeiras rolantes não são para corrermos a “meia-maratona”, mas pode-se fazer muito mais do que nos encostarmos ao corrimão a dar beijinhos ao namorado. Pode-se, por exemplo, continuar a andar, simples.

Só queria ter a certeza que, a partir de agora, vão ter tanta atenção àqueles que adormecem de manhã, como têm com os vossos glúteos. Pode ser um paraíso para todos andar de escadas rolantes às 08h45 da manhã, numa segunda-feira.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!