Partir ou Perder? – Praxes, co-adopção e cortes nos ordenados – Gil Oliveira

Leitores e leitoras, ouvintes e ouvintas sejam bem vindos! (Sim… Ouvintes e ouvintas! Se existem leitores e leitoras, porque raio é que não podem existir ouvintes e ouvintas?!) E digo mais! Tenho a certeza que tenho ouvintes porque aposto que os meus colegas, Bruno Neves e João Morais do Carmo, quando está na hora de terminar o programa lêem as minhas crónicas para adormecer a malta…

Numa semana que muito se falou sobre praxes, co-adopção e cortes nos ordenados, eu vou-lhe falar do que realmente interessa falar: PARTI A PORCARIA DO MEU TELEMÓVEL!

Isto sim é um tema que vale a pena ser falado. Quantos de nós, em alguma altura da nossa vida, já não partiram o seu telemóvel?! Aquele que, num momento de distracção, nunca deixou cair o seu querido bebé que atire a primeira pedra… (mas devagarinho, ok? Da última vez que disse isto vazaram-me um olho.) E quando digo bebé, não me refiro ao puto chorão que você chama de filho. Estou é a falar do telemóvel que lhe custou uma pipa de massa e que estima como se fosse o maior bem no Mundo! Esse sim dá pena quando cai ao chão! O puto cai ao chão, chora um bocadinho, você coloca um penso no dói-dói e diz: “pronto já passou” E já está! O sacana do puto está pronto para outra. O telemóvel não… O coitadinho do telefone cai ao chão e, para além de se esfolar todo, às vezes nem sobrevive à queda! Isto sim é trágico! Nem direito a um funeral condigno tem. É tratado abaixo de cão feito um caloiro durante uma praxe… O meu ao menos ainda foi parar ao OLX. Assim até pode ser que alguém lhe pegue… Pode ser que haja alguma alma caridosa que queira ficar com ele. Digamos que um género de co-adopção mas envolvendo algum dinheiro e pouco amor entre mim e o comprador.

Mas agora voltando ao busílis da questão (gosto muito desta expressão: busílis da questão. Quando tiver um filho acho que lhe irei chamar ‘Busílis da Questão’… “António Busílis da Questão Oliveira”! Sim! Parece-me bem…) a dúvida que me trás hoje aqui é a seguinte:
Será preferível perder ou partir algo que se goste? Em fria análise eu diria perder. Assim temos sempre a sensação de que poderá aparecer a qualquer instante. Por outro lado, partir é algo que algo que, apesar de nos causar maior irritação e tristeza, não deixa sombra de dúvidas sobre o sucedido! Acabou! Morreu! Terminou! Já era! Eu acho que se pudesse escolher optaria por perder. Assim, mesmo que não voltasse a encontrar teria sempre uma réstia de esperança de que alguém o pudesse achar!

Mas sei que este meu ponto de vista não é partilhado por muita gente. Sei que a maioria prefere partir do que perder. Por exemplo: tenho a certeza que os velhotes que perderam parte da reforma, ou os funcionários do Estado que viram os seus ordenados reduzidos brutalmente, preferiam mil vezes partir do que perder. (Partir a cara dos políticos!!! AH! AH! AH! Peço desculpa pela piada à Fernando Mendes…). Já a mim sempre me custou partir coisas. Quando era pequeno parti um prato e chorei quase durante meia hora. E não teve nada a ver com o facto da minha mãe me ter apanhado, a sacudir o tapete cheio de cacos, pela janela. E muito menos por me ter ‘arrefinfado’ uma valente de uma galheta nas trombas. O que me doeu mesmo foi ter arruinado a vida ao prato. Coitadito, pá!

Em suma. A minha mensagem desta semana é que somos todos diferentes e todos iguais. Que somos todos farinha do mesmo saco. Que cada um sabe de si e Deus sabe de todos. Que grão a grão enche a galinha o papo. Que quem ri por último ri melhor. Que olhos que não vêem, coração que não sente e acima de tudo que o pulmão é um dos órgãos que constitui o sistema digestivo! Até para a semana.

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Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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