O que a paternidade faz a um gajo…

Ora viva!

A semana passada falei-lhe sobre o Livro “Pai Sofre”, publicado pelo autor Cláudio Carril. Bom… Em boa verdade não lhe falei bem sobre o livro, casquei apenas no escritor por ter publicado um livro com o nome da minha rubrica. Como tal, quero admitir publicamente que o que fiz foi errado! Não conheço o escritor, nem o seu trabalho, e muito menos gostaria que me fizessem o mesmo. Ok, é certo que usou o nome que pretendia para o meu livro mas sei agora que foi sem intenção. E, como ele disse (e bem) “Pai Sofre” não é meu, não é dele, não é de ninguém. PAI SOFRE é de todos os pais que sofrem por aí fora…
Por esta altura o leitor deve estar a pensar, “O que a paternidade faz a um gajo. Este tipo era uma besta de primeira e agora anda aí a pedir desculpas…” e eu respondo “Sim. É verdade! Deixei de ser uma besta arrogante para ser uma besta fofinha!”. E isto porquê? Porque o facto de ser pai suscita em nós uma espécie de peso na consciência, que nos dificulta à brava a prática de patifarias. (Ainda no outro dia tentei atropelar uma velhota na passadeira e acabei por travar o carro apenas com uma roda em cima do pé direito dela…)

Ser pai é uma dádiva mas ao mesmo tempo é uma grande chatice. Não há vez nenhuma que eu faça algo de errado que não pense “Hum… Será que eu gostaria que a minha filha fizesse o mesmo?! O que pensaria ela de mim se soubesse o que fiz?”. Só o simples facto de chegar a casa “bêbado que nem um cacho” e começar a dançar a Macarena com ela, enquanto coloco as calças na cabeça, deixa-me gravemente apreensivo sobre as minhas capacidades parentais. E por isso quero dizer o seguinte:

“Sr. Cláudio Carril. Parabéns pelo seu trabalho, teve uma excelente ideia. Não posso parabenizá-lo pelo livro pois ainda não o li (se pretender pode oferecer-mo que terei todo o gosto em lê-lo…) mas, no que toca ao amor e dedicação pela sua família compreendi que partilhamos os mesmos ideais.”

Posto isto, falemos de coisas menos sérias (até porque o Pai Sofre de hoje está a ser uma enorme seca…). Já pensou na quantidade de coisas irresponsáveis que terá de abdicar em prol dos seus filhos? Não?! Ora então preste lá bem atenção:

– Apanhar bebedeiras descomunais – A menos que tenha deixado mulher e filha em casa esta será uma coisa que tem de deixar de acontecer. Conduzir com o seu rebento no carro, enquanto luta por se manter na estrada, é algo completamente inconsequente;

– Deixar a criança sozinha no carrinho para ir dançar com uma perfeita desconhecida – Se andar com ela sozinho, a passeá-la pelo parque, pode parecer algo incrivelmente excitante para as senhoras. No entanto, deixá-la no carrinho sozinha enquanto vai dançar já não o é. (Sim, eu sei as mulheres são difíceis de compreender. Eu não vejo qual é a diferença…);

– Ir jantar fora com amigos e deixar os putos a dormir (este exemplo durante muito tempo não se aplicou) – “Porque raio não há-de uma pessoa ir jantar enquanto os filhos dormem se quando ele estão a dormir não estamos lá a olhar para eles?” – pensará o querido leitor. Pois claro, tem toda a razão. Eu compreendo o seu ponto de vista e até concordo em certa parte. O problema é que os ingleses deram cabo disto tudo… Abusaram nas horas que puseram a miúda a dormir e agora já ninguém pode fazer o mesmo sem que se lhes aponte o dedo;

– Fazer sexo em todo o lugar e mais algum (de preferência de forma muito ruidosa e badalhoca) – Esta para mim é das piores. Então um tipo pratica o “amorrr” para os conceber e agora que estão cá fora eles condicionam a forma como fazemos sexo?! Pois claro que sim. Saber que o nosso filho/a pode estar a ouvir enquanto o pai diz palavrões ou a mãe pede açoites no rabo, constrange qualquer um. Já para não falar que o simples facto de imaginarmos que estamos a colocar a genitália, no sítio (quer seja na mãe ou no sofá) onde muito provavelmente o nosso filho acabará por um dia se deitar, quebra o clima a qualquer pessoa;

– Insultar parentes ou amigos que vemos frequentemente – Felizmente ainda não sofro deste mal. Mas tenho a perfeita noção que assim que a minha filha começar a repetir tudo aquilo que eu digo terei de me controlar junto dela, senão em menos de uma semana ficarei sem amigos e reduzido a um ou dois familiares distantes;

– Comida quente e 8h ou mais de sono – Estas duas coisas passam a ser mitos quando somos pais… Gosta de comer comida quentinha? Então aproveite! Quando se é pai, comida quente é como uma miragem. Por mais que pareça que vamos conseguir chegar lá, não vamos! Nem que aqueça a comida 3x no micro-ondas… Noites bem dormidas…? Esqueça! Elas existem, claro! Mas no máximo são de 6h. Mais do que isso é utopia. (E atenção eu digo 6h porque a minha filha é uma santa, muitos pais conseguem no máximo 3h). Quer dormir 8h? Deixe-se estar como está. Os preservativos até não são muito caros e a pílula por muito cara que seja compensa largamente comparativamente às despesas que um bebé acarreta…

Por hoje fico-me por aqui. Chega de falar mal das criancinhas… Até porque, ao fim ao cabo, eles são o melhor que o mundo tem. E como eu costumo dizer “tudo vale a pena quando eles sorriem para nós!” (Hum… Gosto deste título: “Tudo vale a pena quando eles sorriem para nós!”. Tá feito! Vou já registar a patente, não vá alguém decidir usá-lo também!). Até para a semana, pessoal.

“Ai! Ai! Pai sofre!”