Pensamentos dispersos em acordo ortográfico

Agora sempre que escrevo em português há alguém a comentar: “olha que isto agora não se escreve assim”. Pois, pode ser verdade mas eu recuso-me a escrever em “acordo ortográfico”. Sinceramente acho que foi uma das medidas mais idiotas (entre outras tantas) que alguma vez se tomou. Eu visto um fato e analiso factos… mas segundo o novo acordo o fato tanto pode ser vestido como analisado.

Numa destas semanas, num dos programas da RTP o Sr. Ministro Miguel Relvas falava, no seu “berrante” pedantismo, de como gostava do Brasil e de como se sentia em casa sempre que lá ia e que concordava plenamente com o acordo ortográfico. A sua justificação para este último facto era que os brasileiros são quem mais vai difundir a língua portuguesa no Mundo. Mais um exemplo de como não souberam defender a nossa “pátria”, a nossa identidade. O acordo ortográfico tem como objectivo uniformizar a escrita da língua portuguesa nos países que Português como língua oficial: Portugal, Brasil, Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe. Moçambique e Timor-leste. A mim parece-me que, pelo menos cá em Portugal, a preocupação devia ser a preservação da boa escrita da língua portuguesa. É que desde a linguagem das mensagens de telemóvel que as pessoas transpõem para o papel – mas porque é que se escreve “K” quando um “q” fazia o mesmo efeito? – até aos erros ortográficos há uma infinidade de pessoas a escrever mal. O professor manda escrever uma redacção e não uma redassão, eu como uma francesinha e não uma fransezinha. Até o meu mp4 diz que eu estou a ouvir a rádio comerçial. E porque é que as pessoas insistem em dizer “a gente fomos/fizemos/…”? Primeiro como já dizia a minha professora de português “agente” é da policia (por exemplo) e depois se querem mesmo dizer é “a gente foi/fez./…”.

Só uma última questão: e o dinheiro que se gasta em manuais por causa deste novo acordo? Ouvi dizer que estávamos em crise…

Nota: esta crónica não foi escrita segundo o novo acordo ortográfico