Pequenos Tesouros, na palma da mão!!!

Alguns eram feitos de vidro, outros não, pequenos tesouros, guardados na palma da mão!

Os berlindes, de todas as cores, de vários brilhos, bolas cócadas e alguns sarilhos.

Tive tantos, e perdi muitos, outros foram-me roubados quando o olhar se desviava por um segundo!

Muitas horas passadas, sem se dar conta do tempo, de joelho no chão e dedo cruzado, de jogada em jogada, de mocada em mocada para ganhar tudo a toda a gente!

Discussões sem fim, sobre se valia ou não, aquela jogada maldita, com o raio do canhão!

Berlindes de ferro eram batota, tirados de um rolamento, e quando entravam em jogo, mostrávamos o descontentamento.

Dez, quinze de nós até, miúdos, miúdas, tudo jogava, tudo se trocava!

Lembro-me da alegria que sentia quando encontrava um berlinde perdido no chão, um pequeno tesouro na minha mão!

Brinquedo tão simples, cheio de magia, requeria perícia e energia, disputas sem fim, era imperdoável ficar sem nenhum, a desilusão da derrota, e a tristeza sentida quando se perdia o nosso melhor berlinde!

Mesmo sozinho conseguia brincar, afinal de contas tinha de treinar, por alguma razão que desconheço, era menino para mandar o berlinde para sítios que não lembrava nem ao diabo, para debaixo do móvel da sala, debaixo do sofá e até mesmo para o velho fogão a lenha!

Os anos passaram, e com eles também os berlindes passaram a história, hoje em dia é difícil ver um grupo de miúdos reunidos em disputas de berlindes, a não ser que já haja uma aplicação para telemóvel com jogos de berlindes!

Sim, tenho orgulho de ter jogado ao berlinde, num chão de terra empoeirada, de calça rasgada de tanto me arrastar, sinto saudade do chocalhar dos berlindes no meu bolso, sinto saudades das trocas e discussões… e demais confusões!

Sim, sinto saudades de ser criança!

Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!