Pessoas chatas, perguntas inconvenientes…

Ora viva! Sejam muito bem vindos a mais um momento de moderada disposição e alguma cavaqueira da boa. Pois bem, hoje irei falar convosco sobre pessoas… Aliás, irei falar sobre o quão chatas e inconvenientes as pessoas conseguem ser.

Há quem diga que as crianças são extremamente inconvenientes, sempre a fazer perguntas nos momentos mais inoportunos, ou a dispararem informações que os pais não queriam que saíssem lá de casa… Mas, na realidade, isso são “peanners” quando comparado com a mania que os adultos têm de perguntar coisas que não lhes diz respeito. Ora por exemplo, era eu ainda um jovem rapaz, namoradeiro, e já “as pessoas” exerciam uma elevada pressão psicológica para me casar. Passado alguns anos, quando finalmente decidi dar o nó, eis que começou a pressão para ter filhos… Agora que já tenho uma filha começou a pressão para ter um segundo rebento. Então eu pergunto: “MAS PORQUÊ?! Porque raio é que as pessoas têm de seguir estes passos, hein?! Será que não podem só namorar? Ou não ter filhos? Então e se quiserem só ter 1 filho?! O que será que depois de eu namorar, casar,  ter um filho, outro filho e (quiçá) até outro filho, irão perguntar?! Quando é que morro?! Só pode ser isso… Não estou a ver o que pergunta inoportuna possa vir a seguir a estas. Ah! Esperem, já sei… E netos?! Seguramente só depois de ter netos é que começam a perguntar quando é que faleço… IRRA!

Não sei se o leitor já passou por este tipo de pressão social, mas se não passou eu digo-lhe já, é um sortudo! A mim tem me calhado estas perguntas todas. Só para ter a noção do quão sortudo sou, até velhotas desconhecidas, no café, já me perguntaram quando é que eu começava a tratar do “segundo filho”. Agora, será que eu quero?! Pois… Isso não interessa para nada. Tenho que ter outro pois só um “não é bom”.

Feliz ou infelizmente tenho amigos meus sem filhos. São uns filhos da mãe sortudos porque dormem noites inteiras, dia após dia, 8 ou 10h seguidas. (E quando não o fazem é porque andaram na borga e não a aturar birras). No entanto acredito que os pobres coitados também devam ter uma vida difícil… Terem 30 e tal anos sem um namorada(o) para poderem esfregar na cara da sociedade deve ser terrível. Quase tão mau como terem sífilis, SIDA ou caspa. Aliás, se tivessem SIDA ainda eram capazes de ter uma abébia, ao fim ao cabo isso era sinal que se andavam a safar (já para não dizer que a malta evita gozar com gente que está a falecer)…

Mas adiante… Eu queixo-me porque ando a ser fustigado com a vontade das pessoas (sim, porque a minha vontade e da minha mulher não interessa para nada) de ter um segundo rebento. Creio que só poderei voltar a sair à rua, de cabeça erguida, quando estiver em condições de anunciar à sociedade que vem aí outro filho a caminho. Ahh! Atenção… Tem de ser FILHO! Ter dois filhos e serem ambos do mesmo sexo é quase tão mau como ter só um. Se anunciarmos que vamos ter outra menina continuaremos a ser fustigados por perguntas… “Então, ainda vão ao terceiro?”; “E o próximo é o rapaz?”; “2 pipis?! Então o pai não sabe fazer pilinhas?“. Não sei onde é que está escrito mas com duas crianças do mesmo sexo não se pode “fechar a loja”. Enquanto não tiveres tido a experiência paternal completa tens de continuar a tentar… “Será que esta gente acha que ter filhos é como fazer uma caderneta de  cromos?” Pois não sei, mas é bem capaz de ser.

Presumo que tudo isto não seja novidade para si. Acredito que também o leitor já deve ter passado por algumas destas perguntas incómodas e coscuvilheiras. Mas, se por ventura não passou, então permita-me que seja eu o primeiro a maçá-lo: “Então?! Já namora?! Não?! Porquê?! E quando é que está a pensar ter filhos? E o segundo? E o terceiro? E o quarto? Então, mas só tem meninas porquê? Para quando o rapaz? E a mais velha quantos anos tem? Quase 20? Ah, então já está quase na altura de lhe dar um netinho… E não tarda é bisavó(ô), vai ver. É um instante enquanto eles crescem… Olhe, e já agora?! Quando é que falece? Será que se importa se for à 5ª? É que a minha crónica agora sai à 4ª feira e assim sempre dava tempo de a ler…” IRRA!! Chatos, pá!

“Ai, Ai, Pai Sofre!”