Pikes Peak: The American Stairway To Heaven

Seja bem vindo caro leitor. Este mês trago algo diferente dentro do mundo automóvel. Venho falar de Hill Climbing, uma vertente automobilística que tem ganho importância por este mundo fora, quer seja em 2 ou 4 rodas. Existe uma grande diversidade de eventos mas hoje venho falar da “Subida Rainha”. Também denominada de The Race to the Clouds, proporciona uma sensação única de velocidade e aceleração que qualquer piloto deveria experimentar!

Pikes Peak International Hill Climb (PPIHC) consiste na subida de 20km de distância, que tem inicio aos 1440 metros de altitude e termina a uns espantosos 4300 metros acima do nível médio do mar, com uma inclinação média de 7,2%. Inicialmente, a subida continha secções de asfalto e gravilha mas no ano de 2011 a organização decidiu pavimentar o traçado completamente. Apesar de facilitar o controlo do carro, a pavimentação permitiu a realização de tempos mais rápidos, assim como o aumento da capacidade de controlo do carro em caso de incidente.

A corrida teve origem em 1916. Atualmente ela conta uma elevada diversidade de categorias contanto, em média, com cerca de 130 concorrentes. A primeira corrida foi promovida por Spencer Penrose, procurando incentivar turistas a visitar a zona criando uma espécie de “corrida para as nuvens”. No primeiro ano Rea Lentz vence com um tempo de 20:55.06. A classe mais antiga é a divisão Open que tem sido gerida por Penrose e que teve vencedores como Mario Andretti, Al Unser, etc. Entre 1946 e 1970, o evento fez parte do calendário do USAC Indycar Championship e ganhou uma visibilidade ao nível nacional. 680px-Pikes_Peak_Course_svg

O ano de 1984 trouxe excelentes noticias, com a participação do norueguês Martin Schanche, e da francesa Michèle Mouton. Tal facto bastou para que Pikes Peak deixasse de ser conhecido apenas em território americano, dando início a uma presença europeia (pilotos e equipas) do evento. Enquanto Schanche não conseguiu terminar o evento, a Mulher que venceu o 16º Rally de Portugal conseguiu conquistar o primeiro lugar da classe Open, sem bater o record de pista.

2012 foi um ano muito bom mas ao mesmo tempo bastante singular. Antes de mais até ao final de 2011 já existiam cerca de 170 inscrições, em comparação com as 46 um ano antes. Por essa razão a prova de 2012 teve o dia de competição mais longo em toda a sua história. Além disso foi o primeiro ano em que o traçado era 100% asfalto, assim como foi derrubados vários recordes.

No ano seguinte Sebastien Loeb derruba a barreira dos 9 minutos, estipulando um tempo recorde de 8 minutos e 13,878 minutos. E não foi o único, pois os 3 seguintes pilotos também fizeram melhores tempos que o recorde do evento, estabelecido no ano anterior. Enquanto 2013 foi o ano que se estabeleceu o atual recorde, o ano de 2015 foi o ano das revoluções. Pela primeira vez na história do evento, um carro totalmente elétrico venceu em todas as classes, sendo também o segundo lugar ocupado por um carro elétrico. Já em 2014 os motores elétricos tinham ameaçado e bastou um ano para que a ameaça se tornasse realidade.

O evento não trata, apenas a consagração do mais rápido na geral. Desta forma, existe um número extenso de classes em que qualquer piloto pode concorrer, estando estas inseridas em 2 classes: 4-Wheeled Division e 2-Wheeled Division.

  • 4-Wheeled Division
    • Unlimited Division
      • Qualquer veículo pode estar inserido na classe Unlimited, desde que cumpra os critérios de segurança e as regras gerais do PPIHC. Esta divisão é caracterizada por veículos especificamente desenhados para este evento, sendo aqueles que têm melhor hipótese de vencer a prova.
    • Eletric Car Division
      • O PPIHC reconhece o valor da energia elétrica nos automóveis dos dias de hoje e esta classe é uma hipótese para que esta tecnologia ganhe uma visão apropriada às suas características. No entanto os carros inseridos nesta classe têm uma vantagem em relação aos carros da classe Unlimited: enquanto que um motor de combustão interna perde rendimento com a subida de altitude porque a concentração de oxigénio vai diminuindo, o mesmo não acontece com os carros de propulsão elétrica e assim conseguem manter o mesmo rendimento em todo o percurso. No entanto esta classe está dividida da seguinte forma:
        • Electric Modified Class – Classe perfeita para aplicar a tecnologia elétrica numa lógica de competição.
        • Electric Prodution Class – Classe ideal para a competição de carros elétricos produzidos em massa. As modificações são bastante restritivas.
    • Time Attack Division
      • Esta classe está destinada a qualquer tipo de veículo. No entanto está dividida em:
        • Time Attack 1 Claass – Classe destinada a carros de competição com modificações próprias e uma especialização maior quando comparados com os carros da Time Attack Class 2.
        • Time Attack 2 Class – Esta classe permite veículos de produção baseados em carros de corrida, mas com modificações bastante restritas.
    • Pikes Peak Challenge Car Division
      • Criada em 2014, esta classe permite abranger uma ampla variedade de opções
        • Open Wheel Class – Os carros tradicionais estão elegíveis a participar nesta classe. Aqui passam os mais variados tipos de veículos desde carros Indy até Buggies.
        • Pikes Peak Open Class – Os carros podem ter uma estética pouco modificada (stock), mas as modificações principais focam-se no motor, suspensão e transmissão.
        • Pikes Peak Vintage Car/Truck Class – Nesta categoria participam os grandes carros vintage da história automóvel, principalmente americana, como por exemplo o Mustang, Cobra, Mercury e tantos outros. Os veículos fabricados antes de 1990 estão aptos para correr nesta categoria.
        • Exhibition Class – Esta classe destina-se a veículos que não estão aptos a concorrer nas categorias anteriores, não havendo qualquer tipo de restrição à participação por parte da organização. É uma classe destinada, como o próprio nome indica, a exibição de veículos personalizados.
  • 2-Wheeled Division
    • Pikes Peak Lightweight Division
      • Esta classe tem um caracter open, onde não existe grandes restrições ao nível do motor e à idade da mota, onde a moto tem que ter um peso bastante leve.
    • Pikes Peak Middleweight Division
      • Esta divisão é capaz de albergar um largo conjunto de motos. Qualquer concorrente que tenha uma moto com 1-4 cilindros e uma cilindrada até 849cc está autorizado a pilotar.
    • Pikes Peak Heavyweight Division
      • É a divisão mais destinada aos pilotos que tenham uma moto que seja extremamente rápida.
    • Pikes Peak Electric Motorcycle Division
      • Tal como na 4-WEheeled Division, os motores elétricos recebem especial atenção. Existem 2 classes:
        • Electric Modified Class – Esta divisão está virada para motociclos que estejam na vanguarda da tecnologia elétrica
        • Electric Production Class – Qualquer moto de propulsão elétrica e que seja produzida em massa tem a autorização para participar nesta classe. No entanto poucas são as alterações a serem permitidas.
    • Pikes Peak Challenge Motorcycle Division
      • Criada em 2014, a Pikes Peak Challenge Motorcycle Division estabelece um conjunto de sub-divisões:
        • Pikes Peak 250 Class – Existem motos mais rápidas a competir em Pikes Peak. No entanto esta classe é igualmente competitiva. Estas máquinas, geralmente de fábrica, são construídas para competir com motores a 2 tempos e 4 tempos, com 1 ou 2 cilindros.
        • Quad Class – Esta divisão destina-se a motos de 4 rodas, estando apenas limitadas pela largura e pelo o uso de um motor de 500cc.
        • Sidecar Class – É uma classe destinadas a motociclos com 3 rodas e 2 pilotos. É uma classe que origina espetáculo, com toda a certeza.
        • Pikes Peak Vintage Motorcycle – Divisão destinada a motos a 4 tempos com uma cilindrada a variar entre os 650cc-750cc e que estejam inscritas na AHRMA (American Historic Racing Motorcycle Association)
        • UTV/Exhibition Powersport – Esta divisão permite a participação dos Utility Terrain Vehicles (UTVs) e outros veículos que não tenham os requisitos para participar em todas as classes anteriormente mencionadas.

Pikes Peak faz parte do leque de eventos que qualquer adepto de velocidade ou piloto deva visitar. Tem um arquivo histórico bastante vasto e consegue rivalizar com um pequeno número de eventos ao longo do mundo. O ambiente é singular. Tudo neste evento é singular. Possui o ADN que poucas modalidades motorizadas têm e isso é razão suficiente para justificar o inigualável sucesso. Enquanto Nurburgring está para os verdadeiros pilotos, Pikes Peak está para os verdadeiros Hill Climbers.

Posto isto, só me resta desejar boas leituras…e da próxima vez que o caro leitor for acelerar não se esqueça de colocar o capacete!