Pingo Doce, não vão lá! – Ema Naida

Ah mas vão, vão porque hoje era dia de promoção e aquilo parecia a selva. Eu nunca tinha visto tanta gente à caça da promoção desde que o Continente inventou o cartão de desconto. Não, a sério, parecia que tinha entrado num universo paralelo qualquer e já não reconhecia nada nem ninguém. Só se via pessoas a atolar os carrinhos com o que lhe aparecia à frente, indiscriminadamente e sem querer saber se precisavam das coisas ou não. “Epá, é promoção, leva-se”. “Mas precisa realmente disso?” “Não mas isso interessa?” Devia ser basicamente isto.

De tal forma que as filas chegavam aos corredores e mais confusão se instalava porque as pessoas andavam às compras com um carrinho cada (e nem haviam carros que chegue então juntaram-se-lhes os cestos de rodinhas) e quem estava na fila impedia as outras de chegarem às prateleiras. Nem sei mais como descrever o caos que se instalou porque roça o cúmulo do ridículo. Será que as pessoas precisavam mesmo do que estavam a levar?

Penso nas pessoas desfavorecidas que procuram o mais barato e em conta e posso dizer-vos que não vi lá muitas não. E porquê? Quem realmente precisa, leva apenas o essencial. E é nisto que todas as outras pessoas erraram. Apressaram-se a meter tudo para o carrinho e se calhar nem sabem que os produtos podiam ter mofo e estar fora do prazo. É obvio que isto foi uma manobra para esvaziar os armazéns que já estavam lotados de stock velho.  Tolos!

Ora eu que sou cliente habitual do pingo doce, esperei que a confusão passasse para me dirigir lá e fazer as compras diárias (falta sempre qualquer coisa não é assim?) e não é que para meu espanto o supermercado já tinha fechado? E pelos visto há várias horas (várias horas antes da hora de fecho). Não tive outro remédio senão meter a viola ao saco e voltar para casa sem as compras. E é nestas alturas que odeio viver numa zona em que o supermercado mais próximo é este.

Pelo menos ainda me pude divertir com as cómicas imagens que estão ainda a ser publicadas nas redes sociais (no facebook vá) que retratam as pessoas como zombies ou que fazem até referência ao filme 300. “Esparta? Isto é o Pingo Doce!”

Crónica de Ema Naida
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