Porquê a Velocidade?

Num mundo/sociedade marcado maioritariamente por adeptos de futebol são poucos aqueles que são fãs (verdadeiros) de desporto motorizado. Hoje em dia, com os meios de comunicação existentes, é impossível ficar a adorar apenas um desporto. É verdade que o futebol continua a ser o Rei (e pelo andar da carruagem é coisa para durar muito mais tempo) mas a facilidade de acessos veio trazer a possibilidade de várias modalidades (como por exemplo, o Rallycross) crescerem consistentemente. Venho então apresentar uma série de razões que justificam o porquê de eu (e outras pessoas como eu) gostar de passar horas a ver carros e motas às voltas numa pista.

O primeiro ponto a chamar a atenção é a influência por parte da familiares. Com um tio que correu na Formula3 (na altura seria a último passo antes de chegar à F1, se não estou em erro) e fez frente a pilotos como Alex Wurz e Rafael Schumacher, assim com um pai que respira motociclismo digamos que é difícil escapar à velocidade e ao que ela tem para nos oferecer. O meu primeiro contacto com o mundo do automobilismo foi quando andei pela primeira vez de Kart, com 11 anos, no Kartódromo do Bombarral. Foi naquele momento que descobri a minha primeira paixão, o meu primeiro Amor. São os pequenos momentos, como este, que perduram na nossa memória, inclusive as primeiras voltas e as primeiros despistes. Também tenho que admitir…com uma mota de 1000cm3 em casa, o bichinho pelo cheiro da gasolina queimada sempre viveu e sobreviveu ao longo dos anos. No entanto há memórias que não se apagam e quando somos umas crianças bebemos aquilo que nos aparece à frente. No meu caso calhou-me a velocidade. Com isto quero dizer que as sementes são implantadas pelo meio em que vivemos e a possibilidade de essas mesmas sementes darem frutos, é bem elevada.

Velocidade
“Ser adepto de velocidade é, também, perceber como é voar rente ao asfalto escaldante. É algo que não se compreende nem tem razão aparente…Apenas se sente!”

Outro ponto a ter em conta é a característica de o desporto motorizado ser um desporto de equipa (ou não, depende da perspetiva). É verdade que os desportos coletivos são aqueles que chamam muito mais a atenção das pessoas. Como perfeitos exemplos temos o Futebol, o Ciclismo (se bem que em tempos era de cariz mais individual), o Basquetebol, o Futsal e tantos outros. Isso deve-se ao facto, creio, de que o público consegue ter uma ligação mais próxima a uma equipa que transmite valores e uma forma de estar na vida, como é o caso das equipas de futebol, quando compararmos com um indivíduo (apesar de haver exceções como é o caso de Ayrton Senna). No entanto o desporto motorizado acaba por ser uma mistura e contem os dois lados da mesma moeda, o que beneficia tanto o espetáculo, como satisfaz as necessidades do público.

Por fim existe algo que o desporto motorizado tem e que mais nenhuma outra modalidade possui: a ligação entre homem e a máquina. A partir de certo momento deixa de haver esta separação: o homem e a máquina formam um “ser” completamente único e que transcende qualquer tentativa de compreensão racional. É essa ligação que o público (pelo menos os mais aficionados/puristas) consegue atingir. No entanto nada é perfeito e nem toda a gente consegue perceber o porquê de o desporto motorizado ser tão popular. Só quando estamos ligados a algo conseguimos perceber essa ligação tão poderosa. Só que para entender e sentir essa ligação é preciso passar pelo mesmo, isto é, é preciso conduzir com o coração.

Claro que o espetáculo, o suspense, e a incerteza de saber quem será o vencedor também são razões para ser adepto de modalidades motorizadas. No entanto ser adepto de velocidade não é apenas ver homens e mulheres, às voltas, num circuito. Ser adepto de velocidade é compreender o porquê de pilotar; é sentir ou ter ideia do sentimento do que é estar atrás de um volante, onde o perigo espreita a qualquer curva. Ser adepto de velocidade é, também, perceber como é voar rente ao asfalto escaldante. É algo que não se compreende nem tem razão aparente…Apenas se sente!

Posto isto, só me resta desejar boas leituras…e da próxima vez que o caro leitor for acelerar, não se esqueça de colocar o capacete!