Porque o vestido era preto?! Ou justo?!

Ok! Eu tenho de compreender isto …Last Saturday, Great Party, Me and the Guys.
Ao contrário do usual botim ou da túnica acetinada que acompanha sempre bem com um par de jeans, a escolha que estava a tornar-se indecisa, foi passada que nem batata-quente para as mãos de uma menina de 20 aninhos.
“Leva este!” – dizia ela com um olhar sincero e firme (não daqueles olhares meios invejosos, meios trémulos que as mulheres nos lançam quando saímos do provador…). Este olhar era neutro, portanto, arrisquei.
Como normalmente a “la movida nocturna” é acompanhada pelo sexo oposto, dificilmente ouço elogios pois os “meus meninos” não olham para mim como mulher (a deduzir segundo os comentários que às vezes partilhamos…) e as pessoas em redor acham sempre que um deles pode ser meu namorado, portanto não arriscam; o português é muito bem comportado e gosta do que fica bem, bahhh.

Anyway, a questão é que efectivamente os comentários, elogios, piropos e olhares aconteceram. E eu, Me Myself and I, estava perplexa a tentar perceber se tinha algo preso nos dentes, bebida no decote, meias rasgadas ou a franja no ar, não no sentido de “Crazy About Mary”, mas num sentido de professora primária de 1990, em pré-reforma, amorosamente penteadas à frente, mas com uma madeixa estranhamente levantada atrás (vinda da posição em que dormiu).
Entrei no WC espelhado e curiosamente vazio àquela hora e então fez-se luz. “Hey…tu não estás nada mal…ok, ok…é um pouco curto, um pouco justo, “classy black” e tal, mas com o cabelo californiano e a maquilhagem a dar o seu ar, eu estava uma Gata (ou pelo menos o vinho que bebi assim o sussurrava!)
E agora, dias depois percebo que realmente os anos nos mudam e que o esforço para contrariar isso deve acontecer todos os dias em cada escolha que tomamos. Eu podia ter vestido qualquer outro trapinho, mas seria a minha escolha e estaria condicionada por aquilo que é suposto que uma mulher de 29 anos vista. Claro que temos mais “pinta” que as mais novas, menos “pinta” que as de 40, e menos sabedoria que as de 50, mas de certa forma, recordemos quais os anos mais verdes e simultaneamente mais livres de preconceitos…os 20! A altura certa para “cair”, para beber e chorar sem vergonha, para namorar e achar que vamos ficar com “ele” para sempre, para trocar de melhores amigas a cada semana e para sorrir, sorrir muito.
E, com vestido preto ou sem ele, é isso que eu quero levar comigo para sempre. Rir de mim mesma, “gargalhar” quando caio, ser involuntariamente inconveniente, “flirtar”, comer gelados e…assumir que tenho 20. E sinceramente, sinto que os terei mesmo aos 60.
Se juntar isso ao fato de conseguir fazer alguém sentir-se assim, se a minha intervenção for bem sucedida e fizer alguém feliz, ainda que por segundos…então sim, estarei completa. Mais velhinha, mas cheia de coisas “à Catarina” para contar aos netos (e aos bisnetos, se as amoras que como tiverem “anti-ox” que chegue!